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Salmo 127

1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem.

3 Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

4 Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

'Entre os Brics, o Brasil se sairá melhor'

Gary Cohn: co-presidente mundial do banco Goldman Sachs; executivo diz que a China e os países do Oriente Médio também devem apresentar bons resultados ao enfrentar a crise internacional

Ricardo Grinbaum e Leandro Modé

Que diferença um ano fez na história do mais importante banco de investimentos do mundo. No fim de 2007, o co-presidente do Goldman Sachs, Gary Cohn, comemorava ter escapado dos prejuízos bilionários no mercado de hipotecas. O banco era lucrativo e, no fim do ano, Cohn recebeu bônus de US$ 68 milhões. Um ano depois, as coisas estão mais complicadas. O Goldman não perdeu com as hipotecas, mas o crédito secou, suas ações despencaram e o banco teve de recorrer ao pacote bilionário de ajuda do governo americano. Cohn abriu mão dos bônus de 2009. O Goldman Sachs exerce papel central em Wall Street. Além de ser a maior referência do mercado, de lá costumam sair alguns dos principais nomes do governo americano, como o secretário do Tesouro, Henry Paulson. Cohn é interlocutor freqüente de governantes sobre a crise. Ele diz que “por obrigação” está se preparando para uma recessão longa e profunda nos EUA. Mas as coisas podem começar a melhorar no fim de 2009. O Goldman criou o termo Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) para descrever os emergentes mais promissores. Mas, agora, alguns dos Brics estão ficando pelo caminho e, para Cohn, nenhum país está imune à crise. O Brasil, diz ele, é uma forte aposta de quem pode sair bem do período de turbulências. Cohn deu a seguinte entrevista.

Há pouco mais de um ano, o sr. nos disse que não haveria uma grande crise nos EUA, muito menos no Brasil. O que deu errado?

Falamos disso há uma ano e meio! (risos) Isso foi em março de 2007. Todos, eu inclusive, calculamos mal a extensão do problema do crédito. Nenhum de nós pensou que as hipotecas imobiliárias fossem ficar numa situação tão ruim. Achamos, oito meses atrás, que o crédito estava em um nível fora da realidade e iria oscilar em direção à normalidade. O que calculamos mal foi que oscilamos para um ambiente completamente anormal, na direção oposta. Saímos de 100% de crédito disponível para zero crédito disponível, sem nenhuma parada no meio do caminho. Esse foi meu erro, assim como de outros.

O Goldman é o mais importante banco de investimentos do mundo e não foi capaz de prever essa crise. Por que isso aconteceu?

Claramente vimos algo. Mas não vimos tudo, e admito isso. Vimos o problema do subprime, nós nos protegemos. Mas não vimos, assim como ninguém viu, a total evaporação de crédito corporativo. Outra coisa em que todos falhamos é que vimos grandes empresas, oferecemos crédito a essas grandes empresas, mas por alguma razão, por causa do desaparecimento do crédito no mercado, ninguém quer comprar ativos, ao preço que for. Nunca visualizamos passar, em semanas, de muito crédito para nada. Fizemos acordos financeiros para nossos clientes mais importantes baseados no que acreditamos ser premissas conservadoras, e adivinhem: não eram nem de longe conservadoras o suficiente.

O problema foi detonado pela quebra do banco Lehman Brothers?

Para ser honesto, o Lehman Brothers foi só um problema a mais. E é interessante porque falamos sobre o Lehman Brothers e o Bear Sterns, falamos um pouquinho sobre o Merrill Lynch, mas não falamos quase nada sobre o Citigroup e o JP Morgan, que têm portfólios de empréstimos ainda maiores, muito mais problemáticos, mas que ainda não foram marcados a valor de mercado.

E, agora, o que o sr. acha que vai acontecer com a economia?

Este fim de ano será muito difícil. Há muita coisa sendo percebida no mercado, que serão relatadas em 31 de dezembro. Acredito que vai levar ao menos dois trimestres no próximo ano para digerir o que aconteceu no fim deste ano. Serão dois trimestres muito difíceis. Estou cautelosamente otimista com a segunda metade de 2009. Começaremos a ver melhoras e entraremos em uma seqüência de ciclos de melhorias. O grande problema agora é que os bancos precisam voltar a emprestar. Quando virmos a possibilidade de pegar dinheiro emprestado e ter capital para trabalhar, o sistema todo vai se auto-recuperar relativamente rápido. Foi impressionante a velocidade com a qual caiu, e será impressionante a velocidade com a qual voltará ao normal, mas isso ainda não vai acontecer por um certo tempo.

O sr. prevê uma recessão longa ou essa crise se resolverá em um ou dois anos?

Você tem de estar preparado para uma recessão forte e longa. Preparado para o pior, esperando o melhor. A maneira como guiamos nosso negócio é assumindo que veremos o pior no próximo ano e talvez no seguinte. Estamos otimistas, mas, realisticamente, acho que 2009 será um ano difícil.

Os srs. criaram a tese dos Brics e a do descolamento deles em relação à crise global. Quais são suas previsões para os Brics?

Como você sabe, não sou economista. Estou tentando me manter afastado de muitas previsões econômicas (risos). Criamos, sim, o termo Bric, e ainda estamos entusiasmados com as oportunidades nos países do Bric. Mas os níveis de entusiasmo variaram um pouco, baseados em realidades geopolíticas e fatos do último ano. Especificamente sobre o Brasil, o País continua a ter oportunidades, tem aspectos geopolíticos estáveis. Os eventos da semana passada na Índia chocaram o país e também sacudiram nossos clientes. Ainda temos negócios, mas temos de ser realistas e saber o que é e o que não é oportunidade na Índia, embora não tenhamos planos de sair de lá. Na Rússia, a mesma coisa. Eles passaram por uma reformulação total de sua economia nos últimos seis meses. Muitas grandes empresas russas, muito ativas no mercado de capitais, e em fusões e aquisições, estão passando por dificuldades. A China, o Brasil e o Oriente Médio são muito, muito interessantes para nós. Dizem que a China é a mais imune. Mas é difícil ser exportador quando ninguém quer importar, e eles passarão por tempos difíceis. Há um ano, quando encontrei os 40 maiores empresários do Brasil, todos queriam comprar ativos fora do País. O preço das ações estava alto, eles queriam usar o dinheiro para comprar ativos lá fora. Seis meses depois, o câmbio mudou e eles querem vender aqui.

Mas há oportunidades no Brasil?

Completamente diferentes. Estamos monetariamente tristes, mas não tão tristes. Não participamos da onda de IPOs (oferta de ações de empresas na Bolsa) do Brasil porque não se encaixavam nos nossos planos. Ainda temos na memória a crise da bolha da internet nos EUA. Agora acontece o oposto. Muitas empresas públicas do Brasil precisam ser recapitalizadas e querem ser privadas de novo.

Como será a reestruturação?

O Brasil tem uma estrutura empresarial impressionante, é um grande campo de empresas, muitas do ramo de commodities, muitas com ativos que precisam ser reestruturados, ativos com os quais querem fazer parcerias. Como temos abrangência global, podemos facilitar esses negócios. As oportunidades no Brasil não acabaram. A outra oportunidade está no mercado financeiro. Com os efeitos do câmbio, há mais interesse para investidores externos no Brasil. Há recursos extraordinários saindo da Europa e de Nova York e há interesse em ativos no exterior. O Brasil está na lista.

As pessoas dizem aqui que, quando o mercado voltar ao normal, o Brasil será um dos primeiros países a sentir a melhora. Concorda?

Concordo. Olhando o mix de empresas, o Brasil está em boa posição para quando a economia se recuperar. Quando virmos crescimento global de novo, veremos os preços das commodities subirem. e o Brasil está avançado no etanol, que é uma das próximas grandes decisões a serem tomadas pela nova administração americana. Muito do crescimento mundial virá das commodities, e o Brasil tem muitas. Se a medida para recuperar a economia americana for similar à do pós-guerra, colocar os americanos para reconstruir a infra-estrutura do país, vão precisar de níquel, cobre, ferro. Veja só, o Brasil tem e pode exportar. O mesmo vale para uma recuperação chinesa. Coloco o Brasil no topo da lista.

Quem são os outros?

O Oriente Médio.

Vários integrantes da equipe econômica americana vieram do Goldman. O que faria diferente?

Eles não estão ignorando o problema e estão fazendo o melhor que podem. Nenhuma medida foi perfeita, e eles sabem disso, porque não tiveram todas as ferramentas que queriam. É muito difícil estimular uma economia tendo que atender a centenas de congressistas, banco central, Tesouro. O Tarp (Programa de Recuperação de Ativos Problemáticos) é o mais polêmico. Infelizmente, a premissa do Tarp era comprar US$ 700 bilhões de papéis problemáticos. O governo tentou fazer isso, mas percebeu que era impossível. E após horas pensando no problema, não acharam uma solução, e foram criticados por muitos. Então, começaram a injetar dinheiro nos bancos. Fizeram o que puderam. Infelizmente, não foi suficiente. Mas não tenho solução mágica. Falamos sobre isso o tempo todo, e todos querem a poção mágica, mas ela não existe.

O negócio dos bancos de investimento mudou drasticamente nos últimos dois anos. Qual o futuro dos bancos de investimentos?

Não sei por que você diz que mudou drasticamente. Não sentimos que tenha mudado. Nossa instituição tem 140 anos, e a cada cinco anos nosso negócio muda. Nunca “dramaticamente”. Há cinco anos, os hedge funds eram uma indústria muito pequena. Private equity era algo pequeno. Há cinco anos, não tínhamos esse crescimento no Brasil, na China, na Rússia, no Oriente Médio. Tudo isso mudou em cinco anos! E adivinhe: vai mudar tudo de novo daqui cinco anos! A quantidade de dinheiro disponível no mercado diminuiu, não nego. Mas nosso negócio principal, banco de investimentos, aconselhamento de negócios, fechamento de acordos, isso não mudou. Vamos fazer isso em mais mercados, mas não achamos que nosso negócio mudou. Se tivesse mudado, eu teria notado.

Os analistas projetam perdas de US$ 2 bilhões para o Goldman neste trimestre. Como está a situação financeira do banco?

Estamos para publicar os resultados. Lembre-se que estamos adicionando US$ 21 bilhões em capital e nos transformando em holding (como prevê o plano do governo). Sejam quais forem os resultados, estaremos mais fortes do que nunca.

O sr. recebeu no ano passado US$ 68 milhões em salário e bônus. Neste ano, escolheu não receber os bônus. Por quê?

A maneira como pagamos bônus no Goldman Sachs é simples. Pagamos 48% dos lucros como bônus. Em anos como este, em que os lucros vão cair substancialmente, os 48% fariam o processo de pagamento ficar complicado. Nós, top executivos, decidimos não ganhar bônus e usar para pagar os dos outros funcionários.

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