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Salmo 127

1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem.

3 Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

4 Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.

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sábado, 26 de julho de 2008

Uma janela para o mundo digital

Metade dos 42 milhões de internautas brasileiros – das classes D e E – usa a internet nos milhares de lan houses espalhadas pela periferia
Thiago Cristófaro tem 16 anos e não se lembra de quando foi apresentado à internet: “Quando eu nasci, ela já não existia? Não sei como os garotos da minha idade viviam sem isso”. Thiago é estudante do 2º ano do ensino médio, mora no Engenho de Dentro, na zona norte do Rio de Janeiro, e freqüenta os centros públicos de acesso à internet, conhecidos como lan houses (do inglês LAN, sigla para “rede de acesso local”). Ele diz que gosta do clima das lans. “Todos os dias faço amigos. Parece que é festa o tempo todo.” Thiago afirma gastar boa parte de sua mesada na lan house, que cobra R$ 2,50 por hora. Conta que passa horas com os amigos em jogos com nomes estrangeiros como Counter Strike e Need for Speed. Diz que também usa a rede para pesquisar trabalhos da escola e visitar o site YouTube atrás de clipes de hip-hop. “Eu me correspondo pelo MSN com amigos da Bahia, trocamos fotos, vídeos e idéias”, afirma. “Venho dez vezes por dia. Aqui me sinto melhor do que em casa.” Para Thiago, estar na internet é uma forma de aprendizado: “Ela é uma janela para o mundo, não é o que dizem por aí? Quem não está na internet, está fora do mundo”.

Thiago é um dos 20 milhões de internautas brasileiros de baixa renda que não têm computador. Para eles, a principal alternativa para acessar a rede são as dezenas de milhares de lan houses encravadas em favelas ou espalhadas pela periferia das grandes cidades. “A Rocinha, na zona sul do Rio, tem mais de cem lan houses”, diz Antonio Carvalho Cabral, do Centro de Tecnologia e Sociedade da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro. Em Antares, na cidade de Santa Cruz, extremo oeste da Grande Rio, Cabral conta que viu sete lan houses, mas nenhuma padaria. Em Fortaleza, no Ceará, há uma rua onde as lan houses ficam uma ao lado da outra – e cada uma é de um dono diferente.

Um estudo recente do Comitê Gestor da Internet (CGI) afirma que em 2005 apenas 4% dos membros da classe E, que ganham até um salário mínimo, usavam lan houses como meio de acesso à rede. Em 2006, o porcentual pulou para 46%. Foram 78% em 2007. O fenômeno se repete na classe D, que ganha até dois mínimos. Em 2005, 25% usavam lan houses. Em 2007, 67%. “No ano passado, as lan houses se tornaram o principal local de acesso da população”, diz Mariana Balboni, a responsável pela pesquisa do CGI.

A principal razão para a explosão das lan houses é o aumento de renda da população de baixa renda nos últimos anos. Mas essa não é a única explicação. A explosão na venda de computadores, impulsionada pelo corte nos impostos promovido pelo governo federal, tornou o país o quinto maior mercado de PCs – foram 10,5 milhões vendidos em 2007. Só o Programa Computador para Todos, em que o governo financia máquinas de até R$ 1.200 para famílias de baixa renda em até 24 prestações, respondeu desde 2003 pela venda de 300 mil PCs. Com essas condições, eclodiu uma febre de empreendedorismo nas comunidades carentes. Milhares de pequenos comerciantes compraram computadores e inauguraram lan houses. A multiplicação das lans resultou no enorme salto no total de brasileiros que acessaram a rede pela primeira vez desde 2005.

Em paralelo, o governo está implantando telecentros de acesso gratuito nos 5.500 municípios brasileiros. Eles já atendem 6% dos internautas. A demanda parece ilimitada. “Apesar de gratuito, o telecentro impõe várias restrições de acesso. Não se pode jogar nem acessar os sites de relacionamento como o Orkut”, diz Cabral, da FGV. “Isso afasta os jovens, que preferem as lans.” Cabral afirma que a maioria das lan houses que cobram R$ 1 a hora só consegue oferecer um preço tão baixo porque trabalha na informalidade, não paga impostos e usa software pirata. Muito da proliferação das lan houses se deve ao papel que desempenham nas comunidades. “São ambientes familiares. Os donos não vendem cerveja nem deixam os jovens visitar sites pornográficos”, afirma Cabral. É comum ver os pais deixando seus filhos na lan antes de ir trabalhar. “É melhor deixar os filhos na lan house do que na rua, correndo o risco de ser aliciados pelo tráfico”, diz Cabral.
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