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Salmo 127

1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem.

3 Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

4 Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Tripulantes pulam de navio sequestrado por piratas na Somália

Os três homens foram resgatados por helicóptero militar alemão.
Dois são britânicos e um é irlandês.
Helicóptero militar alemão resgata três pessoas que saltaram de um navio de bandeira da Libéria após a embarcação ser capturada por piratas da Somália, nesta sexta-feira (28), no Golfo de Áden. Os tripulantes eram dois britânicos e um irlandês. A foto foi feita pela Marinha francesa (Foto: AFP)


Auxiliados por um militar alemão, os três reféns que saltaram de navio entram em helicóptero (Foto: Eric Cabanis/AFP)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Brasil deve ter medo dele?


Por que o crescente poderio militar de Hugo Chávez ameaça a liderança brasileira na América Latina – e como o Brasil planeja modernizar suas Forças Armadas

Guilherme Evelin, Isabel Clemente e Matheus Leitão
Há mais de um século, o Brasil não se envolve em guerra com seus vizinhos. A última foi a Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870. Morreram 60 mil brasileiros. De lá para cá, o Brasil, maior país em extensão territorial e população da América Latina, tem mantido relações pacíficas no continente. O Brasil hoje também não tem disputas de fronteiras. Isso contribuiu para firmar a imagem do continente como uma das regiões mais estáveis e desmilitarizadas do mundo. Segundo o Stockholm International Peace Research Institute (Sipri), Instituto sueco dedicado ao monitoramento de gastos militares, a América Latina é a região do mundo que dedica proporcionalmente menos recursos aos orçamentos de suas Forças Armadas – 1,4% do PIB regional.

Desde 2005, um elemento perturbador foi introduzido nesse quadro de relativa paz e tranqüilidade. O governo Hugo Chávez, na Venezuela, começou a fazer compras maciças de equipamentos militares. A primeira investida venezuelana foi a compra de 100 mil fuzis de assalto Kalashnikov AK-103 e AK-104, fabricados na Rússia. A partir daí, a Venezuela continuou a freqüentar com avidez e assiduidade o mercado de armas global. Acertou com a Espanha a encomenda de oito navios de guerra, parte de um negócio de 1,2 bilhão de euros. Na China, Chávez foi buscar radares móveis. O pacote de compras bélicas de Chávez inclui ainda helicópteros, submarinos, mísseis terra–ar. A aquisição mais valiosa foi feita em julho de 2006: 24 caças Sukhoi, de fabricação russa, aviões de guerra mais poderosos e modernos que qualquer outro hoje existente na América do Sul. De acordo com o último relatório do Sipri, a Venezuela, em 2006, pelo segundo ano consecutivo, foi o país da América do Sul que mais aumentou gastos militares: 20% em termos reais.

Chávez diz que está se armando para modernizar equipamentos obsoletos das Forças Armadas venezuelanas e para se preparar para um eventual ataque dos Estados Unidos, elevados à condição de Grande Satã pela retórica barulhenta do presidente da Venezuela. Chávez até cunhou uma doutrina militar – a “guerra assimétrica” – para fazer contraponto à doutrina de guerra preventiva do governo George W. Bush, nos EUA. Apesar das declarações de Chávez, há uma crescente inquietação no Brasil e em outros países sul-americanos quanto à escalada armamentista da Venezuela ter outros fins. Há duas semanas, Chávez disse que poderia transformar a Bolívia em um novo Vietnã, se a oposição boliviana tentasse derrubar seu aliado Evo Morales da Presidência.

Estamos diante de um fanfarrão ou de alguém que é preciso levar a sério por seu desejo expresso de se perpetuar no poder? Chávez é um militar que, antes de vencer eleições, tentou assumir o governo na Venezuela por um golpe. Tenente-coronel reformado do Exército, Chávez ainda usa adereços militares em suas campanhas políticas. Em comícios, costuma aparecer com uma boina vermelha usada por pára-quedistas. Seus seguidores políticos gostam de usar a boina vermelha, transformada em símbolo do chavismo. Os sinais do militarismo do regime chavista aparecem também na formação das milícias bolivarianas, grupos de civis que apóiam seu regime. Chávez apresenta-se como católico, ora cita Deus, ora o Diabo. Em discurso na ONU em 2006, ao ocupar o púlpito em que Bush estivera no dia anterior, disse ainda sentir cheiro de enxofre. Aproximou-se de figuras controversas, como o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o russo Vladimir Putin, de quem compra armas, e Fidel Castro, para quem chegou a cantar em sua visita mais recente a Havana, no período de convalescença do ditador cubano.

Aos 53 anos, é casado pela segunda vez e tem quatro filhos. Na juventude, Chávez foi jogador amador de beisebol. Até hoje, gosta de aparecer na TV com trajes esportivos e tacos de beisebol. Em 1999, pouco depois de assumir o governo, mandou criar e publicar uma história em quadrinhos em que o herói usava boina, bastão de beisebol e resolvia todos os problemas da Venezuela – uma óbvia referência a si próprio. Os oficiais das Forças Armadas que ousam desafiá-lo costumam ser mandados para a reserva ou para a prisão.
Seu projeto é implantar o “socialismo do século XXI”. O próximo passo seria irradiar sua “revolução bolivariana” pela América Latina. O Orçamento da Venezuela para 2008 prevê gastos de US$ 193 milhões para “fortalecer movimentos alternativos na América Central e no México e assim se desatrelar do domínio imperial” dos EUA. Na semana passada, o jornal Correio Braziliense revelou que o venezuelano Maximilian Arvelaiz, homem de confiança de Chávez, percorre há quase um mês capitais brasileiras com a missão de organizar a primeira Assembléia Bolivariana do Brasil, em dezembro, no Rio de Janeiro. O estatuto do movimento prevê a construção de “um poder popular” e a formação de “uma federação socialista latino-americana”. Para apoiar Arvelaiz, Chávez enviou mais 15 diplomatas à embaixada e a consulados em Brasília, sob o pretexto de que se trata de um reforço nas relações bilaterais.

No Brasil, as ações e o discurso de Chávez, no início ignorados, começam a repercutir mal. “A hipótese de uma corrida armamentista na América do Sul parece estar-se concretizando, tendo em vista os gastos de mais US$ 4 bilhões da Venezuela nos últimos dois anos e as indicações de que Chávez continuará a investir em material bélico”, disse a ÉPOCA o ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB-AP). “Nosso país é um tradicional defensor da solução pacífica das controvérsias e uma corrida armamentista seria inaceitável para o Brasil.”

Isso não quer dizer que o Brasil esteja parado. De acordo com oficiais do Exército brasileiro, o investimento em equipamento das Forças Armadas em 2008 será o maior desde o fim do período militar. Marinha, Exército e Aeronáutica terão a sua disposição o mais alto orçamento dos últimos 12 anos para comprar e renovar equipamentos bélicos. Esses gastos, segundo o projeto de lei orçamentária enviado ao Congresso, serão de R$ 9,1 bilhões, e podem chegar a R$ 10,1 bilhões. O aumento é de quase 50% em relação aos R$ 6,9 bilhões deste ano.

O governo Lula anunciou outras medidas para aumentar o aparato bélico brasileiro. O programa de construção do submarino nuclear pela Marinha, que se arrasta desde 1979, deverá receber, a partir de 2008, R$ 130 milhões por ano. O objetivo é que o submarino fique pronto em uma década. O governo passou também a considerar prioritária a retomada do programa FX de aquisição de 12 caças modernos para a Força Aérea Brasileira. Estuda-se a alocação de R$ 2 bilhões para o programa.

Em 2003, pouco depois de chegar ao Palácio do Planalto, o presidente Lula suspendeu a compra desses mesmos caças, sob a alegação de que prioritário era o Programa Fome Zero. A política industrial que s o governo promete apresentar nos próximos dias prevê incentivos para fortalecer a indústria bélica nacional. Detalhes ainda não foram divulgados, mas é certa a liberação de financiamentos especiais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Fico imaginando o que pode atrapalhar o nosso país. Apenas a nossa omissão e apenas a nossa submissão. Está na hora de construir o PAC das nossas Forças Armadas, da nossa Defesa”, afirmou o presidente Lula em setembro.

Estamos mesmo no limiar de uma corrida armamentista na América do Sul, desencadeada por Chávez e à qual o Brasil aderiu para não ficar para trás? O governo Lula nega oficialmente que os aumentos dos gastos militares sejam uma reação a Chávez. A elevação do orçamento militar, diz o governo, é uma resposta ao sucateamento das Forças Armadas, que não recebem investimentos para modernização há quase duas décadas. “Essa é uma discussão que acompanho há dez anos e digo que não há relação entre a decisão do governo de voltar a investir nas Forças Armadas com as decisões de Chávez”, afirma o deputado José Genoíno (PT-SP), uma espécie de porta-voz do PT para assuntos militares. Mesmo assim, dois ministros e um governador de Estado afirmaram a ÉPOCA que, em foro reservado, Lula diz se preocupar com o fator Chávez na América Latina.

Isso não quer dizer que vivamos uma corrida armamentista no continente. Em artigo publicado pelo Observatório Político Sul-Americano, departamento de pesquisa do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o cientista político Rafael Villa diz que as compras de armas por Chávez visam obter apoio interno para seu regime na Venezuela, que tem nos militares um de seus principais sustentáculos políticos. “Faz-se certo alarmismo em torno de uma corrida armamentista na América do Sul, por causa da retórica de Chávez, mas o que está acontecendo no Brasil e em outros países da região é uma modernização de equipamento bélico obsoleto, por causa da queda dos níveis de investimento militar desde os anos 90”, diz a colombiana Catalina Perdomo, pesquisadora do Sipri. “É um exagero falar em corrida armamentista, porque o orçamento de defesa do Brasil, além de pequeno, é desequilibrado. Há uma enorme parcela de gastos dirigida ao pagamento de salários e pensões”, diz Mark Stocker, economista especializado em defesa do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres.

Segundo estimativas de 2004, o Brasil destinava 70% do orçamento do Ministério da Defesa para gastos com pessoal e apenas 2,88% para reequipamento militar. A deterioração do equipamento militar brasileiro tem causas também políticas. Está relacionada a uma perda de prestígio das Forças Armadas após a redemocratização do país. Elas teriam sido relegadas nos últimos anos a um “ponto de desleixo”, segundo o coronel da reserva Geraldo Cavagnari, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas (Unicamp).
Os comandantes militares tratam de dar contornos dramáticos ao sucateamento das forças. Em agosto, em depoimento no Senado, o comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, descreveu a situação da força naval brasileira nos seguintes termos: “Ela vive um crítico estado de degradação e obsolescência material, de vulnerabilidade estratégica, de redução de atividades, sem precedentes na história contemporânea da nação”. Segundo Moura Neto, dos 21 navios da esquadra, 11 estão parados e dez operam com restrições. Dos cinco submarinos, dois estão parados, dois operam com restrições e apenas um não tem problemas. Há duas semanas, ao depor na Câmara dos Deputados, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, revelou que, dos 719 aviões da FAB, apenas 267 têm condições de voar. Os outros 452 estão à espera de manutenção, sem condições de uso, 232 deles retidos no solo por falta de dinheiro para comprar peças. Segundo o ex-embaixador Rubens Barbosa, a ameaça de guerra não é o único motivo para investimentos militares. “O país precisa se defender, não de ataques externos, mas do tráfico de drogas e armas nas nossas fronteiras.”

Seria uma ingenuidade, no entanto, imaginar que o armamento pesado adquirido por Chávez não tenha sido usado como pretexto pelos militares brasileiros para obter do governo federal mais recursos para as Forças Armadas. Outra ingenuidade seria pensar que as verbas extras anunciadas não tenham implicitamente o objetivo de reequilibrar o tabuleiro militar na América do Sul, onde a Venezuela está hoje em posição de vantagem por causa dos caças russos Sukhoi 30. “Passou a existir um desequilíbrio muito grande, porque não temos um armamento como o deles. (O Sukhoi) é uma arma de última geração, não temos nada comparável e, obviamente, isso nos preocupa porque nossos aviões estão decrépitos”, afirma o general José Benedito de Barros Moreira, secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa. “Com esses aviões, a Venezuela, em tese, poderia fechar o espaço aéreo sobre grande parte da Amazônia. Nenhum país da América do Sul tem resposta possível para esse tipo de avião”, diz Domício Proença Júnior, professor da Coppe/UFRJ e doutor em estudos estratégicos. Segundo os especialistas, os Sukhois venezuelanos, armados com mísseis de longa distância, um equipamento não disponível no Brasil, podem derrubar qualquer coisa a seu alcance sem correr riscos. Daí o potencial de fechar a Amazônia. O Brasil conta hoje com seis caças Mirage comprados da França, mas eles não são páreo para o Sukhoi. “Se vier a comprar caças comparáveis ao Sukhoi, o Brasil só estará equilibrando esse jogo”, diz Domício Proença.

“Temos consciência de que, para mantermos a posição privilegiada na América do Sul e atingirmos novos patamares no cenário internacional, não podemos descuidar da nossa defesa”, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim, em entrevista interativa aos leitores de ÉPOCA (leia na página 45). “Estamos elaborando o Plano Estratégico Nacional de Defesa, que definirá a missão de cada força e os equipamentos necessários para sua atuação. Os novos aviões da FAB, tanto de transporte, quanto de caça, estarão no plano.” Mesmo se isso se concretizar, as razões serão mais políticas que bélicas. Nem os militares, cujo dever de ofício é alimentar uma saudável paranóia em relação à defesa nacional, levam a sério uma hipótese de confronto militar com a Venezuela de Chávez.

Em conferências, o cientista político Moniz Bandeira, especializado em questões internacionais e uma das referências intelectuais do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Itamaraty, resumiu assim a possibilidade de um ataque da Venezuela ao Brasil: “É ridículo.Veja as dimensões demográficas, territoriais e econômicas do Brasil e da Venezuela. Não basta comprar armamentos da Rússia para que se possa fazer uma guerra. Uma vez que a Venezuela não tem um parque industrial e importa do exterior a maioria dos produtos manufaturados que consome, seria muito difícil para Chávez empreender e sustentar qualquer guerra com outro país”.
Quem tem motivos para temer Chávez do ponto de vista militar, segundo o coronel Geraldo Cavagnari, são seus vizinhos Colômbia e Guiana. A Colômbia tem uma fronteira de 2.000 quilômetros com a Venezuela, por onde circulam os guerrilheiros das Farc, inimigos do governo Álvaro Uribe e simpáticos a Chávez. Historicamente, os dois países não se entendem sobre os limites territoriais no Golfo da Venezuela, uma região rica em petróleo. Há mais de um século, os venezuelanos também reclamam o território a oeste do Rio Essequibo, o equivalente a dois terços do território da Guiana. Mesmo assim, Cavagnari duvida que Chávez venha a se aventurar em invasões, porque sabe que a reação internacional seria imensa e imediata.

O verdadeiro confronto entre Brasil e Chávez, dizem os especialistas em questões estratégicas, não é militar, mas político. Envolve uma disputa com o Brasil pela liderança da América do Sul. Como maior país da região, o Brasil aspira a essa posição e quer chegar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Num documento, do final do ano passado, preparado para o Real Instituto Elecano, instituição espanhola dedicada a estudos de segurança e defesa, os pesquisadores Carlos Malamud e Carlota García Encina descrevem a estratégia política de Chávez. “Para a Venezuela, o braço militar serve para reforçar a diplomacia do petróleo, dirigida para conseguir aliados e aumentar sua influência. Os exageros armamentistas de Chávez servem para projetar uma imagem de poder, tanto nacional quanto regionalmente.”

Política externa, ensinam os manuais, não se faz apenas com diplomacia, mas com a caneta cheia de tinta para preencher talões de cheques e fuzis. Assentado nas imensas reservas de petróleo da Venezuela e agora munido de Kalashnikovs e caças Sukhoi, Chávez tem as duas coisas para continuar sua política de conquistar influência e aliados em países vizinhos como Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua e Argentina.“Chávez usa o petróleo e o poder militar para perpetrar uma política agressiva de influência ideológica na política interna de outros países”, diz o cientista político José Augusto Guilhon de Albuquerque, da Universidade de São Paulo (USP).

Na Bolívia, estratégica para o Brasil por fornecer 50% do gás natural consumido no país, a influência de Chávez já causou prejuízos concretos. No episódio da nacionalização e ocupação militar das refinarias da Petrobras pelo governo Evo Morales, a Venezuela apoiou ostensivamente a medida hostil aos interesses brasileiros. A presença de Chávez na Bolívia, que tem um acordo de cooperação militar com Morales e fornece agentes para a segurança pessoal do presidente boliviano, é um fator a mais de instabilidade política. A Bolívia vive a ameaça de uma desintegração territorial, por causa de um movimento separatista na região de Santa Cruz de la Sierra, a mais rica do país e comandada por opositores de Morales.

Na definição de vários especialistas, a América Latina vive hoje um duelo ideológico entre duas correntes de esquerda que assumiram o poder em vários países da região. Chávez é o principal emblema da esquerda que ainda vê na implantação de um regime socialista a solução para os problemas sociais. É um “stalinista primitivo”, na definição feita a ÉPOCA por Teodoro Petkoff, ex-ministro da Venezuela e um de seus principais adversários políticos. Por ter abraçado as regras da economia de mercado e dos regimes democráticos, o governo Lula no Brasil passou a ser considerado a principal referência de uma esquerda socialdemocrata no continente.

Na semana passada, a Assembléia Nacional da Venezuela aprovou uma reforma constitucional, proposta por Chávez, com a qual ele busca o aumento de seus poderes, a possibilidade de permanecer eternamente na Presidência, a instauração de uma “economia socialista” e a censura da imprensa em momentos de “estados de exceção”. Uma das definições mais famosas de guerra sobrevive há mais de dois séculos. Seu autor é Carl von Clausewitz, militar prussiano, um dos teóricos clássicos do assunto. Segundo ele, a guerra é a continuação da política por outros meios. Ao anunciar os investimentos para rearmamento das Forças Armadas brasileiras, como nunca antes, o governo Lula está fazendo política por outros meios. Mesmo que diga que Chávez não é o alvo nem a causa do aumento dos orçamentos militares, o Brasil, com essa decisão, deixa claro que quer continuar a ser a principal liderança da América do Sul. Ao iniciar seu governo, com a proposta de integrar o Conselho de Segurança da ONU, Lula achou que este era um direito natural do Brasil. Os movimentos de Chávez parecem tê-lo convencido de que a liderança política tem um preço.

O brasil imperialista e hegemonico no mundo???

Em recente entrevista lula disse:o brasil não e imperialista ou hegemonico,mas justo!!!realmente o brasil nãopode se dar ao luxo de ser nada,pois não vencemos nossa guerra interna ,enm os problemas sociais que vão acabar com esse pais que ninguem se importa!!!no brasil temos 35 milhoes de indigentes,o menor salario minimo do mundo,o juros mais alto,a industria mais protegida,não temos qualidade ou quantidade prara exportar,so exportamos 1% pro mundo!!!!

E realmente o brasil não pode ser,nem nunca sera imperialista,somos um pais de quarto mundo temos corrupção ,uma guerra oculta,nenhum estimulo a produçao ,ou ao trabalho honesto,e verdade,não somos capazes nem de nos indignar com a violencia,com a mentira de nossos governantes,temos 35 milhoes de indigentes,200 mil baleados por ano na nossa guera secreta,temos pistoleiros de aluguel andando livremente nesse pais,temos uma justiça lenta e corrupta,um lagislativo de parasitas,o executivo inoperante,somos justos e otimo ser justos com estrangeiros ,que me perdoem os estrangeiros eles mnão tem culpa,mas e pra nos os brasileiros,perdoamos dividas,pagamos nossa divida religiosamente,de mais de 100 milhoes de dolares,aceitamos o auemto do gas por que e justo,somos tão bom,o governo e otimo para os outros,e pros compatriotas,eos abaixo da linha da pobreza,os analfabetos que são 15 milhoesenquanto não resolvermos nosso problemas internos ,não sairemos dessa guerra oculta em nosso pais e voce o que acha?esta bom??o brasil algum diasera imperialista e hegemonico ou isso e so conversa!!!

"Invasão imperialista" pelo Brasil incomoda vizinhos sul-americanos

"Vão embora, brasileiros!" O grito de protesto, antigamente reservado aos "ianques", está sendo ouvido nas ruas de La Paz e Quito. Em Caracas, já é ouvido há algum tempo.

Na Argentina, fala-se em "invasão" para se referir à crescente penetração das exportações e empresas brasileiras, que compraram gigantes locais das áreas de alimentação, cimento e energia, entre outras.

Os investimentos brasileiros na América do Sul, que somam mais de US$ 17 bilhões, aumentaram o prestígio e a influência do Brasil entre os vizinhos, mas também colocaram as empresas brasileiras diante de riscos característicos de uma região turbulenta, instável e sujeita a mudanças de regras no meio da partida.

"O investimento dá liderança ao Brasil, mas dá mais visibilidade a grupos nacionalistas de alguns países, como a Bolívia. Isso faz com que, às vezes, o país seja visto como um segundo Estados Unidos", disse Eduardo Viola, especialista em relações internacionais da Universidade Nacional de Brasília.

Os investimentos brasileiros na América do Sul somaram US$ 16,7 bilhões entre 2001 e 2003, segundo dados do Banco Central, que incluem gastos em investimento direto, financeiro, empréstimos e empréstimos entre empresas.

O montante não inclui anúncios importantes como o da construtora Camargo Corrêa, que afirmou recentemente que pagará US$ 1,025 bilhão pelo grupo argentino Loma Negra, fabricante de cimento.

Renato Baumann, diretor do escritório brasileiro da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da ONU (Organização das Nações Unidas), considera inevitável a "nova agenda" que acompanha os investimentos.

"Quando cresce o grau de exposição do país aparecem novos produtos, novas empresas e oportunidades, mas também questões que afetam interesses, questões de segurança e sabotagens", explicou.

A aprovação da nova lei de hidrocarbonetos na Bolívia, que foi precedida de um movimento nacionalista que incluiu até a explosão de um carro perto da sede da Petrobras - cujas atividades representam 15% do PIB boliviano -, representa uma "novidade" para os homens de negócios do Brasil.

A vontade do Brasil de ajudar a resolver conflitos de seus vizinhos também causou outros contratempos, como quando em abril o presidente deposto do Equador Lucio Gutiérrez pediu asilo na Embaixada brasileira em Quito. Manifestantes apedrejaram o automóvel do embaixador brasileiro, em protesto por sua participação no caso.

O envio de combustíveis à Venezuela, no final de 2002, quando o país enfrentou uma greve de petroleiros organizada pela oposição ao presidente Hugo Chávez, também disparou protestos inéditos em frente à Embaixada do Brasil em Caracas.

Invasão recente

A cultura empresarial brasileira tradicionalmente é de introversão, e os investimentos no exterior são um fenômeno muito recente.

"A onda de investimentos brasileiros na região está associada à intensificação do processo de integração, de aproximação. Isso é muito positivo. Há uma descoberta por parte do Brasil do potencial de uma maior relação com seus vizinhos", afirmou Baumann, que encara os episódios de antibrasileirismo como questões pontuais e conjunturais.

"Os incidentes em Caracas, em Quito, na Bolívia ou as passeatas de fabricantes de sapatos em Buenos Aires são coisas conjunturais, isoladas. O que existe nos vizinhos é uma sensação de simpatia em relação ao Brasil, que não é observada em relação a outras potências", disse o representante do Cepal.

Os analistas enxergam na crescente corrente de negócios entre o Brasil e seus vizinhos um processo estrutural, uma tendência irreversível que "veio para ficar", segundo definiu Viola.

A presença maior de capital e empresários brasileiros na região, em negócios que envolvem todas as áreas, mas principalmente os setores de energia, construção e alimentação, impulsiona também a crescente presença política e diplomática do país.

"Já não se trata apenas de fazer política na vizinhança para reforçar a imagem de líder regional. Há uma presença claramente vinculada a interesses, uma forma de atuar de país grande", avaliou para a Reuters um diplomata sul-americano em Brasília, sob a condição de manter o anonimato.

Essa forma de atuação, para Viola, traz alguns riscos adicionais em determinados casos, como na Venezuela.

O especialista afirmou que, quanto aos negócios brasileiros na Bolívia, a Petrobras "é o alvo das forças mais atrasadas da antiglobalização." Já no país governado pelo esquerdista Hugo Chávez, opinou, o Brasil atua de forma perigosa.

Para ele, "ser menos amistoso com Chávez seria mais seguro para o interesse nacional", já que a proximidade com o polêmico governante pode deixar a oposição e o setor privado venezuelanos cada vez mais antibrasileiros.

Na Venezuela, a Odebrecht está executando projetos de mais de US$ 1 bilhão, e a Petrobras e a Companhia Vale do Rio Doce também têm uma atuação ambiciosa.

Para José Francisco Marcondes Neto, presidente da Câmara Venezuelana-Brasileira de Comércio e Indústria, "a relação comercial entre Brasil e Venezuela não é de natureza política, e seu crescimento é sólido."

O fluxo comercial entre os dois países pode chegar este ano aos US$ 3 bilhões. Há três anos, não alcançava os US$ 2 bilhões.

Em relação à Argentina, Viola considera que uma melhora na produtividade nesse país - sem a proteção de setores industriais inviáveis - gerará ainda mais investimentos brasileiros e aumentará a integração.

"Na Argentina há alguma resistência ao investimento brasileiro, mas é uma resistência sem força para deter o avanço, e sem força nem sequer para criar um clima hostil", concluiu.

Aprofunda-se a dominação imperialista no Brasil

ESTÁ NOTICIA FOI EXTRAIDA DE UM BOLETIM EMITIDO EM 2005!!!
pARECE QUE TUDO QUE ESTÁ ESCRITO LÁ , ESTÁ ACONTECENDO AGORA EM 2008 , COMO SE FOSSE UMA PROFECIA.

Há crescimento econômico? É sustentável? Em que setores?
Que classes ou frações de classe ganham com o “crescimento”?
Neste artigo procuraremos tratar das questões enunciadas no subtítulo, colocadas pelas classes dominantes no centro do debate político e econômico no país, num esforço de, ao partir do ponto de vista das classes dominadas, fazer emergir o aspecto principal que tem norteado e determinado a tendência da conjuntura nacional: a dominação imperialista sobre o Brasil e a submissão total do governo federal a esta dominação. Ou, mais precisamente, a posição do PT, com hegemonia da “nomenklatura” petista, como instrumento político desta dominação. Esta análise, mesmo que breve, necessita de um horizonte mais amplo: explicitar o “grau” da crise econômica, social e política no Brasil e de detectar o estágio da luta de classes, a atual correlação de forças.

Um primeiro ponto a destacar: para tratar da conjuntura nacional é indispensável nos situar na conjuntura mundial da luta de classes, na compreensão da crise do sistema imperialista, mesmo que minimamente.

CRISE DO IMPERIALISMO

Já afirmávamos em boletins anteriores do CeCAC o agravamento e generalização da crise econômica estrutural do imperialismo – crise de sobreacumulação de capital e superprodução de mercadorias – dominada pela lógica do capital financeiro, de sua esfera rentista, “especulativa”. E que ao atingir o pólo principal do sistema imperialista, a economia norte-americana, com a recessão de 2001, se irradia para o conjunto dos países imperialistas e pela economia mundial como um todo.

E para contrarrestar sua crise econômica e manter a hegemonia mundial, o Estado norte-americano responde com uma violenta luta militar, econômica, política e ideológica, intensificando a exploração dos trabalhadores em todo o mundo e, em especial, dos povos dos países dominados, o que vem colocando em primeiro plano, como contradição principal no campo internacional, a luta interimperialista. Com a estratégia de superar sua crise econômica às custas do resto do mundo, promovendo guerras para conquistar “zonas de influência” de valorização do capital, controlar fontes de matéria-prima (como o petróleo) e mercados, as classes dominantes dos EUA entram em disputa aberta, principalmente, com o bloco imperialista europeu. A guerra de agressão ao Iraque iniciada em 1992 se coloca como uma expressão deste novo quadro internacional, onde a precária aliança entre os países e blocos imperialistas na exploração dos países dominados se rompe.

A guerra, a fascistização e a barbárie são impostas pelos EUA como alternativas globais. Porém, a resistência dos povos contra as agressões imperialistas, com destaque para a heróica resistência do povo iraquiano contra a ocupação, impõe limites à exploração e intensifica a luta de classes no mundo.

A política econômica interna dos EUA para enfrentar sua crise não cumpriu seu objetivo de retomar um crescimento com taxas altas e estáveis e tende a se exaurir. Política que implementou corte dos impostos, taxas baixas de juros – as menores dos últimos 43 anos – para estimular os gastos em consumo e os investimentos. E assim enfrentar a recessão e sustentar as taxas de lucro do grande capital, “empurrando a crise para frente”. A enorme bolha especulativa norte-americana se deslocou do mercado de ações para o imobiliário, resultado desta política de estímulo ao endividamento das famílias.

“RECUPERAÇÃO VIRTUAL” DOS EUA

No artigo Será que o colapso econômico dos EUA acontecerá em 2005? , o economista F.William Engdahl esclarece que: “Estes empréstimos, ligados aos preços ascendentes do imobiliário, permitiram às famílias americanas financiarem novo mobiliário, carros e inúmeras outras coisas. Em 2003 os bancos atingiram um récord de US$ 324 mil milhões em empréstimos para casa própria, no topo de US$ 1 milhão de milhões (trillion) de novos empréstimos hipotecários. Todo este consumo criou a ilusão de uma recuperação da economia. Abaixo da superfície, no entanto, um enorme fardo de dívidas foi acumulado. Desde 1997, o total da dívida com lares hipotecados de americanos cresceu 94% chegando a colossais US$ 7,4 milhões de milhões...” Mais à frente irá ressaltar que: “A família americana está altamente endividada, e não é apenas por causa da sua casa. Os dados do Federal Reserve mostram agora um nível de dívida total acima dos US$ 35 milhões de milhões, ou uns US$ 450 mil para uma família típica de quatro membros.” (de 26/07/04, disponível em http://resistir.info).

Os mega déficits fiscal e da balança comercial, o início do aumento da taxa de juros nos EUA de 1% para 1,25% e 1,5%, apontam para uma tendência de crise econômica aberta nos EUA após as eleições, o que agravará a crise estrutural da economia dos EUA e a mundial. Várias matérias na imprensa, que não têm o destaque de outras notícias, informam que nos últimos dez meses o Déficit fiscal americano chega a US$ 396 mil milhões: “A deterioração fiscal do país ocorreu devido à alta dos gastos com segurança e dos custos com a Guerra do Iraque, além da redução de impostos aprovada pelo presidente George W. Bush.” (Folha de S. Paulo, 12/08/04). Segundo outra matéria, no mês de julho o Déficit comercial americano bate recorde: “O crescimento do rombo foi explicado principalmente pelo declínio de 4,3% nas exportações, a maior queda desde setembro de 2001..., para US$ 92,82 mil milhões. As importações foram novamente impulsionadas pelo maior preço do petróleo e cresceram 3,3%, para US$ 148,64 mil milhões, também novo recorde. 'É extraordinário, nunca vi uma mudança tão grande em um único mês no déficit comercial', afirmou Kevin Logan, economista do Dresdner Kleinwort Wasserstein em Nova York.” (Folha de S.Paulo, 14/08/04).

Até as denúncias de torturas praticadas pelo exército norte-americano e algumas ridicularizações de aspectos emblemáticos do “modo de vida americano” que ganham maior dimensão nos meios de comunicação e cinema refletem, em certa medida, a crise instalada na sociedade americana.

O que se observou, neste último período, a partir de 2001, foram pequenos crescimentos setoriais da produção industrial e do PIB, uma "recuperação virtual”, ao lado de taxas de desemprego que insistem em não diminuir, permanecendo em torno de 6 % nos EUA.

Na tentativa de garantir a reeleição de Bush, o Banco Central norte-americano (FED) executa, no limite, esta política.

A crise do imperialismo expressa também o agravamento da luta de classes e, ao mesmo tempo, a intensifica. Assim, a política belicista e fascista é uma resposta ao crescimento da resistência das classes dominadas contra a intensificação da exploração e, nesse sentido, exacerba todas as contradições do sistema imperialista e sinaliza para a perspectiva de guerra entre os países imperialistas, mundial. E é a luta de classes, a resistência e vitória dos povos que pode barrar essa possibilidade ameaçadora.

A CONJUNTURA INTERNACIONAL E O BRASIL

É importante registrar que este quadro conjuntural de pequeno crescimento econômico mundial sustentado pelos EUA e pelas altas taxas de crescimento do PIB de países da Ásia (China), mesmo dentro de uma crise geral do imperialismo que se agrava e prenuncia uma recessão mundial, significou neste primeiro semestre de 2004 (e em 2003) um espaço para um crescimento econômico também nos países da América Latina.

Este momento conjuntural internacional “favoreceu” países como o Brasil, pois houve um crescimento do comércio internacional com valorizações históricas, raras, dos preços dos produtos primários, o agronegócio, as commodities , como soja, minério de ferro, o que permitiu o crescimento econômico nestas áreas, em detrimento da produção industrial, da produção voltada para o mercado interno.

As baixas taxas de juros nos EUA também estimularam entradas de dólares no Brasil, principalmente nos mercados especulativos, atraídos por altas taxas de juros, que ajudou a fechar o balanço de pagamentos, mantendo a “estabilidade” e a “credibilidade”, que também correspondem a uma maior submissão do Brasil ao imperialismo, com a garantia da remuneração do capital especulativo internacional.

Diante desta conjuntura internacional e das diretrizes da política econômica e social do governo federal, tais como a “reforma” da previdência, o aumento do superávit primário para 4,25% do PIB, as taxas de juros reais de 10%, as metas de inflação, o acordo com o FMI, os aumentos ridículos do salário mínimo, o apoio ao agronegócio e à exportação de produtos primários, os acordos comerciais internacionais – como os firmados com a China – e os projetos de lei das falências, das Parcerias Público-Privadas, (PPP), em votação no Congresso, e das propostas de “reformas” trabalhista e sindical, em suma, um verdadeiro “saco de maldades”, podemos reafirmar que o governo Lula/PT aprofunda e continuará aprofundando a dominação imperialista sobre o Brasil.

O atual governo, com tais medidas, radicaliza a política neoliberal e assim aumenta a exploração do Brasil e do nosso povo com objetivo de atender aos interesses do imperialismo, garante colossais taxas de lucro na valorização do capital, reforça a inserção subordinada do Brasil na economia mundial, sua condição de país dominado. Política que faz parte da estratégia imperialista de reestruturação do Estado brasileiro para ampliar esta impiedosa máquina de valorização do grande capital financeiro, de acordo com a nova divisão internacional do trabalho.

CRESCIMENTO?!

Vemos hoje uma campanha monocórdica dos aparelhos ideológicos de Estado de difusão e informação martelando que a economia brasileira está em franco crescimento, que a tendência do desemprego é diminuir e que o desenvolvimento é sustentável. Por outro lado, não se fala mais em espetáculo do crescimento, insiste-se agora na paciência que é necessário ter. Também é lembrado (com o que concordaria o conselheiro Acácio) que não se pode esperar tudo do governo, cada um tem o seu papel.

E então... seriam alvissareiras tais notícias marteladas sobre um momento especial de “crescimento” e “desenvolvimento” que o país estaria atravessando? A política do governo federal estaria finalmente começando a engrenar, e poderíamos esperar agora uma nova fase em que as promessas de campanha de melhorias significativas nas condições de vida do povo estariam por se consumar?

Não. Categoricamente não. Apesar das tentativas de paramentá-la, há uma realidade nua e crua. Vamos a alguns dados.

A expectativa de crescimento do PIB para 2004 foi estabelecida num patamar baixo, em cerca de 3,5%, uma das menores previsões de taxa de crescimento econômico para os países dominados, os chamados “países em desenvolvimento”. Se no ano passado houve um crescimento negativo do PIB de -0,2%, a base de comparação é fraca, fácil de ser atingida e ultrapassada, devido à recessão do ano passado. E a partir de tal comparação vende-se a ilusão para o povo de que as coisas estão melhorando de forma expressiva.

Os empregos criados no primeiro semestre deste ano não absorvem nem os novos trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho. A altíssima taxa de desemprego aberto (IBGE) de junho/2004 é a mesma de janeiro/2004, 11,7%, o que pode indicar que o saldo entre admissão e demissão se anulou no período. Mesmo com o crescimento de 1,6% do emprego na indústria em junho deste ano, na comparação com junho do ano passado, quando comparamos o 1º semestre de 2004 com o mesmo período do ano passado o quadro fica estável, com crescimento de 0,1%. Como afirma o economista J. Carlos de Assis: “É também verdade que o desemprego oficial, em maio e junho, acusou uma ligeira queda. Mas ele havia aumentando quatro meses seguidos, de janeiro a abril. Por qual razão se vai considerar que a queda mais recente é uma tendência de longo prazo? Não gosto de brigar com números, mas o fato é que, quando se procura visualizar tendência, é necessário levar em conta todo o ambiente macroeconômico em volta. E ele é péssimo para o crescimento. Temos um superávit primário que tira recursos da economia para esterilizá-los na política monetária; e continuamos com taxas de juros estratosféricas (10% reais)”. ( Os limites efetivos do suspiro de crescimento ”, Editorial de 07/08/04, http://www.desempregozero.org.br ).

A tímida recomposição da renda do trabalhador, nos dois últimos meses, nem de longe compensa os 15% de perda do último ano (conforme http://www.consciencia.net/arquivo/ce-renda.html ).

A conjuntura econômica internacional do primeiro semestre de 2004, favorável a este pequeno crescimento econômico no mundo e no Brasil, tende a se tornar desfavorável, pois o que se vislumbra é a “desaceleração” da economia norte-americana e mundial.

O aumento da taxa de juros básica nos EUA, mesmo que gradativo, empurra a economia norte-americana para a estagnação ou recessão, acaba com o crédito fácil (que levou ao endividamento das famílias) e o pesado estímulo aos investimentos. Diante desse quadro, existe a tendência para diminuição do volume do comércio mundial e do recuo ou estagnação dos preços das commodities , como também uma tendência à fuga de capitais para o mercado financeiro norte-americano com taxas de juros melhores e com um risco menor, que irão abalar a dependente e subordinada economia brasileira. E se realmente ocorrer o estouro da bolha especulativa imobiliária nos EUA a economia norte-americana e mundial poderão ser levadas a uma crise aberta de maiores proporções com reflexos mais violentos no Brasil.

O VERDADEIRO ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO

O superávit primário no valor de 4,25% do PIB (estimado em R$ 71 mil milhões) para pagamento de juros da dívida pública, acordado com o FMI e as estratosféricas taxas de juros real (a segunda maior do mundo), são dois dos principais instrumentos da cada vez mais monumental e inesgotável sangria de verbas públicas para remuneração do capital financeiro especulativo. Como exemplo, temos o crescimento do lucro dos bancos. A coluna “Fatos do Dia” da Oficina de Informações, de 13/08/04, assinala que apenas “Os quatro maiores bancos do país tiveram no primeiro semestre lucro líquido de R$ 4,5 mil milhões, 11,4% superior ao do mesmo período de 2003, conforme levantamento da ABM Consulting feito a pedido da Folha”. E mais: “As receitas dos quatro maiores bancos cresceram 38,2% no primeiro semestre, totalizando R$ 41,1 mil milhões” ( http://www.oficinainforma.com.br/fatos.php?dt=2004-08-13 ).

Esteriliza-se dinheiro público na especulação financeira para pagamento de juros, enquanto a falta de recursos para a saúde, educação, demais áreas sociais e para investimentos leva ao desmonte do setor público social e de setores estratégicos do Estado brasileiro. A matéria da Folha de S.Paulo Arrocho derruba investimento público aponta que: “De janeiro a junho deste ano, o investimento realizado pela União foi de apenas R$ 700 milhões, uma parcela de 5,74% em relação ao total de R$ 12,2 mil milhões programados no Orçamento. Nos últimos três anos, os investimentos públicos despencaram de R$ 14,6 mil milhões (em 2001) para R$ 6,5 mil milhões em 2003. Os valores sempre foram muito inferiores aos programados” (FSP, 19/08/04). Neste mesmo período, o superávit primário foi de R$ 46,189 mil milhões, correspondendo 5,6% do PIB acumulado até junho, superando em R$ 13,85 mil milhões (41,7%) o valor correspondente a 4,25% do PIB, acordado com o FMI. É o recorde de recursos públicos para pagamento de juros; em outras palavras, para a remuneração da agiotagem financeira.

E O “SUSPIRO DE CRESCIMENTO”...

Em que setores da economia ocorreu este “suspiro de crescimento”?

Basicamente no setor de produtos primários (agronegócio, minério) voltados para a exportação. O Brasil vai regredindo à condição colonial de exportador de produtos primários. Fica mais dependente das oscilações de preços no mercado internacional, historicamente desfavorável para os países dominados.

E, secundariamente, em alguns setores industriais voltados para a exportação e áreas correlatas à exportação. E, no mercado interno, na produção voltada aos ricos, o setor de bens duráveis. O economista J. Carlos de Assis, avalia também: “A produção de bens duráveis, consumidos principalmente pelos ricos e pelas exportações, aumenta velozmente para 28,28% acima do nível de 2002, enquanto a de semiduráveis e não duráveis, consumidos principalmente pela massa dos segmentos pobres, está 0,83% inferior a 2002”. ( O que está por trás do crescimento industrial ”, Editorial de 10/08/04, http://www.desempregozero.org.br ).

Ao aprofundar a política econômica de Collor e FHC, o PT e a maioria de seus principais dirigentes assumem a representação política das classes dominantes brasileiras, que mantêm a tradição de se amoldarem sem grandes resistências à lógica do imperialismo, do capital financeiro internacional.

Assim, palavras mágicas, com uma grande carga ideológica como desenvolvimento, crescimento, estabilidade, credibilidade são utilizadas pelo governo e pela “mídia” para fugir da identificação de quais classes são beneficiadas pela política econômica e pelo “suspiro de crescimento”.

Na verdade, estabilidade e desenvolvimento da economia para garantir os fantásticos lucros do capital financeiro internacional – com o pagamento da dívida externa, remessa de lucros e demais “compromissos” externos do Brasil – e da grande burguesia brasileira com sua histórica aliança com o latifúndio.

Em suma, uma política para círculos cada vez mais restritos da sociedade e que necessita para sua implementação, por um lado, de uma carga ideológica muito pesada para mascará-la e, por outro, tende à fascistização a fim de tentar intimidar a resistência da imensa maioria da população atingida por tal política.

Nesse contexto, uma das últimas novidades no ar é a campanha publicitária da auto-estima, que tem como protagonista o presidente da República – já totalmente enquadrado e à vontade na defesa das posições ideológicas das classes dominantes brasileiras e do imperialismo – para inculcar no povo um dos aspectos mais atrasados e reacionários da ideologia burguesa, neoliberal: o individualismo. Seriam o esforço, a vontade, a fé e o ânimo individuais as soluções para enfrentar a miséria e o desemprego, na verdade, um estímulo à divisão dos trabalhadores, contra a unidade da classe, contra a solidariedade e luta coletiva, um dos fundamentos da ideologia do proletariado. Um brasileiro desempregado, ou melhor, os milhões de brasileiros desempregados, devem mirar-se no exemplo de Ronaldinho, um brasileiro que não desiste nunca, que num esforço pessoal superou crises e descrenças e retomou a carreira. Essa é a verdadeira luz no final do túnel que a propaganda oficial oferece de concreto, bem concreto, não a um ou outro desempregado, mas aos milhões de desempregados no País. A essência mesmo do imperialismo, a superexploração, o desemprego estrutural – resultado da política neoliberal, a violenta desigualdade social de classe, tudo que é verdadeiro e real tenta-se nublar com um palavrório vazio e ilusório.

Procuraremos, nos próximos boletins, continuar tratando de questões aqui pinceladas, inclusive para debater mais amplamente estas condições que levam, mesmo num quadro geral de intensificação de crise econômica, política e social, a comportar episódios de recuperação econômica setorial, que interessam especialmente às classes dominantes para fazer apanágio político, particularmente em momentos eleitorais.

E principalmente discutir, dando continuidade aos boletins anteriores, questões colocadas para a contrapartida dessa ofensiva ideológica e política das classes dominantes que tentam, desesperada e obsessivamente, minar nos corações e mentes a iniciativa revolucionária, a unidade dos trabalhadores, a ação coletiva, a organização do povo e de sua vanguarda. Pressentem que sua ofensiva tem pés de barro diante da resistência que essa política engendra, pois mesmo desfavorável em curto prazo, o horizonte político das conquistas que interessam ao conjunto da classe operária e do povo está em suas próprias mãos, na colossal força revolucionária de sua ação coletiva e organizada, política e sindical, que é urgente reconstruir.

Brasil é 'imperialista' e 'explorador', afirma jornal paraguaio

Segundo publicação "ABC Color", discurso brasileiro de 'amizade' é falso.
Editorial diz que acordo de Itaipu Binacional foi prejudicial ao Paraguai.

Foi com o editorial "Brasil, um país imperialista e explorador" que o jornal paraguaio recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anuncia neste domingo (20) um acordo de biocombustíveis no país. Segundo a publicação, as palavras "justiça", "eqüidade", "solidariedade" e "amizade", comumente usadas por Lula nas visitas à nação, são "mentiras".
O jornal defende a revisão do acordo que formou a Itaipu Binacional, que tiraria do "indefeso Paraguai" seu mais importante recurso natural. "A mentirosa intenção original de um projeto binacional, que serviria para promover o progresso e a interação de povos irmãos, degenerou-se na exploração do indefeso Paraguai por parte do Brasil", afirma o texto.


Prejuízo e violência física

O editorial afirma que o país tem prejuízo de US$ 2 bilhões ao ano com a energia elétrica que o Brasil "rouba do Paraguai". O jornal afirma que existe um esquema ilegal que faz a dívida paraguaia com a a Itaipu crescer. "Diante desta grave anomalia, surge o alarmante temor que o Brasil em breve reclame a Itaipu como sua diante do acúmulo de uma dívida contra o Paraguai e a impossibilidade deste de quitá-la", frisa a publicação.

O "ABC Color" credita a atual situação à generalizada corrupção nos governos paraguaios. "Não será de se estranhar que esta circunstância", diz o texto, "acabe criando situações de violência física entre cidadãos dos dois países".

Embraer ERJ-145 RS/AGS


De entre os vários equipamentos ao serviço da FAB � Força Aérea Brasileira, há um que raramente é notado e está geralmente longe das atenções dadas a outras aeronaves da força.

As atenções são normalmente desviadas para o mais conhecido EMB-145 AEW&C claramente distinguível pela antena plana do seu radar de longo alcance Ericson-Erieye ou então para os aviões de caça, sejam os pequenos F-5, AMX ou os Mirage (futuramente Mirage-2000C).

O nome de guerra do EMB-145RS/AGS, conhecido na FAB como R-99B dá a impressão de que se trata de uma aeronave secundária, utilizada para funções menos nobres (do ponto de vista militar e da defesa aérea) e dedicada a temas mais ecológicos, como o mapeamento de terrenos na Amazónia, a análise de cheias, e no máximo o apoio à repressão ao tráfico de drogas.

Porém, este tipo de missões, pelo menos em principio não justificariam a dose de secretíssimo que envolve estes aviões.

Os seus sistemas, embora não sejam exactamente secretos normalmente não são referidos, mas as capacidades que as aeronaves têm no que respeita por exemplo ao controlo do trafico e traficantes de drogas na Amazónia, permitem efectuar algumas extrapolações sobre as qualidades e características do equipamento numa situação de conflito, em que as suas capacidades tivessem que ser utilizadas.

Esta aeronave da Embraer, transporta vários tipos de sensores, e destina-se a efectuar a análise remota do solo, com o objectivo de determinar e avaliar potenciais ameaças ambientais.

Mas para além das suas funções civis este avião, que é provavelmente o mais sofisticado de todos as que operam na Força Aérea Brasileira, tem uma quantidade de sensores, que podem ser convertidos ou directamente utilizados de forma a transformar o R-99B numa aeronave de pesquisa e vigilância do campo de batalha.

Os seus sensores, permitem por exemplo detectar veículos de combate camuflados e detectar a movimentação de tropas no terreno, acompanhando o seu movimento e enviando os dados através de um sistema de Data-Link para as aeronaves de combate e ataque ao solo.

Presidente do Equador afirma “poder comprar aviões em outro lugar”

O presidente do Equador, Rafael Correa, classificou ontem de ” desproporcional e fora de lugar ” a decisão do Brasil de chamar para consultas seu embaixador em Quito. E acusou, sem dar provas nem indícios, a construtora Odebrecht de corrupção, indicando-a como responsável pela crise diplomática entre os dois países. A empresa nega a acusação. Correa sugeriu ainda que o Equador pode comprar aviões militares de outro país caso o Brasil decida suspender a venda de aeronaves da Embraer.

” A culpa do que está acontecendo é da Odebrecht, empresa corrupta e corruptora que causou danos ao país, e de certos contratos de empréstimo que têm sido um verdadeiro assalto, como esse para financiar a empresa [hidrelétrica] San Francisco ” , disse o presidente, em declarações veiculadas ontem pelo site da Presidência do Equador. Correa não disse no que baseia suas acusações à empresa.

Em relação ao contrato, a principal queixa é a cobrança de juros sobre juros. O código civil equatoriano proíbe essa cobrança acumulada, mas o financiamento outorgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi renegociado e aceito pelo governo Correa. A hidrelétrica de San Francisco parou por problemas técnicos no primeiro semestre e, após várias críticas à Odebrecht, Correa a expulsou no mês passado. Quito apresentou semana passada um pedido de arbitragem internacional do contrato.

O presidente afirmou ainda que ” a unidade latino-americana se vê afetada quando há companhias como Odebrecht, financiadas por créditos que incluem anatocismo [capitalização dos juros de um valor emprestado] ” .

A assessoria de imprensa da construtora reagiu dizendo que ” repudia as declarações ” , que ” ao longo de 21 anos que operou no Equador nunca foi acusada de corrupção e que o governo atual faz alegações sem provas ” . Após reparar a hidrelétrica, a empresa foi forçada a sair do país, deixando quatro obras para trás e contratos que somavam US$ 670 milhões.

Sobre a compra de 24 aviões militares Super Tucano, da Embraer, Correa disse que descarta a suspensão do negócio, mas sustenta que caso o Brasil suspenda a operação, aeronaves poderiam ser adquiridas de outros países. ” A balança comercial com o Brasil tem um déficit de US$ 702 milhões, e nós, em nome da integração regional, sempre buscamos privilegiar os mercados regionais. Mas podemos comprar [aviões] de outra nação “ .

36 horas salvando vidas na Amazônia.


No dia 19 de outubro, o Nash Oswaldo Cruz seguia com seu ritmo normal de atendimento no Rio Xingu.

Duas comunidades carentes haviam sido atendidas no período da manhã com a ajuda da aeronave UH-12, pois a seca no rio prejudicava o acesso às comunidades por lancha. No período da tarde o Navio atracou na cidade de Senador José Porfírio, onde seria realizado, a bordo do navio, o atendimento ambulatorial aos moradores de uma cidade de 15.000 mil habitantes e que não tem médico.

Parte da equipe médica já havia tocado licença quando, o enfermeiro da cidade solicitou ajuda ao navio, pois ocorrera um acidente com um pau de arara que estava transportando 15 pessoas e mais material de construção, que capotou em uma estrada de terra, havendo notícia de feridos graves.
A equipe médica do navio foi acionada e imediatamente transportou todo o aparato de medicina de campanha para o posto de saúde local, que foi transformado num hospital de base com capacidade de operar como UTI (semi-intensiva) e centro cirúrgico de pequeno porte.

Foram atendidas as 15 vitimas, dentre elas, duas em estado grave e sendo que uma necessitava ser removida para um hospital com mais recursos.

A cidade mais próxima ficava há 8 horas de viagem por terra e água. A equipe médica decidiu que o paciente não tinha condições de remoção imediata, face o tempo de viagem. Decidiram então que o mesmo seria estabilizado e controlado durante toda a madrugada e transportado na manhã seguinte pela aeronave UH-12 Esquilo, pertencente ao 3° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (Esqud. HU-3 “Tucano”), do DAE do navio, uma vez que as aeronaves não voam a noite.

Enquanto isso os outros pacientes foram tratados no próprio local, com suturas e pequenas cirurgias, tudo realizado pelos quatro médicos do navio.
Às 6h do dia 20, a aeronave decolou do NAsH e seguiu para a cidade de Altamira, num vôo de aproximadamente 30 min. a 2.000 pés, levando a bordo o paciente e mais a sua tripulação, que foi composta por um médico, o fiel e o piloto.

No aeroporto de Altamira, uma ambulância do SAMU já aguardava pelo pouso da aeronave para remover o paciente para o hospital.

Durante todo o tempo, a equipe ainda manteve o atendimento ambulatorial e odontológico, totalizando 279 atendimentos no dia.

Após o termino dos atendimentos, quando o Navio já se preparava para suspender, uma mãe desesperada apareceu com uma criança de 2 anos que aspirara uma semente de Pau- brasil e corria risco de vida iminente. O objeto foi retirado pela equipe médica do Navio e a menina salva. Isso já eram 22:00Hs do dia 20 de outubro.

Entre os dias 19 e 20 de outubro, a equipe de médicos e enfermeiros do NAsH Oswaldo Cruz, trabalhou ininterruptamente durante 36 horas, nas mais variadas condições, no mais hostil dos ambientes e valendo-se de todos os instrumentos que estavam ao seu alcance, de bisturis a ataduras, ou até mesmo da aeronave do navio, tudo para salvar a vida de alguns brasileiros, invisíveis para a maioria da sociedade, mas não para a Marinha do Brasil.

O cumprimento com pleno êxito desta missão, justificou o lema do Candiru da Amazônia:

“Saúde onde houver Vida.”

Nota do Blog: Agradecemos ao NAsH Oswaldo Cruz, pela oportunidade de contar um pouco, do que estes aguerridos Marinheiros fazem todos os dias pelos brasileiros ribeirinhos da Amazônia, BRAVO ZULU U-18 Oswaldo Cruz e HU-3!

Fotos: NAsH Oswaldo Cruz.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Facada nas costas

BRASÍLIA - O presidente Rafael Correa tem todo o direito, até o dever, de defender o Equador de empresas que estão há décadas tirando muito e dando pouco ao país. Mas não precisa ser infantil, irresponsável, sem limites. E ele está sendo.

Tudo começou… com a Bolívia jogando o Exército nas refinarias da Petrobras. Correa deve ter achado o máximo e foi atrás. Enxotou a Odebrecht, retirou os direitos de uma penca de brasileiros no país, ameaçou Petrobras e Furnas e agora pede arbitragem internacional para dar o calote no BNDES. “Uma facada nas costas”, dizem diplomatas brasileiros e assessores de Lula, com uma reclamação de conteúdo, outra de forma.

De conteúdo: há o temor de que os tiros de Correa ricocheteiem na credibilidade de empréstimos pelos sistema CCR (com garantia dos Bancos Centrais). E, depois, na própria Unasul.

Quanto à forma: Lula fica enlouquecido com Correa, que tem um discurso a portas fechadas e outro nos palanques. Na véspera da facada no BNDES, assessores equatorianos se reuniram com diplomatas brasileiros, em Quito, e não abriram a boca.

No dia seguinte, pimba! Lá estava Correa se gabando em público de ser machão com o Brasil. Nós conhecemos o nosso Lulinha. Tudo pode. Mas deixá-lo com cara de tacho? Isso não pode.

Ele jogou duro quando cancelou uma missão técnica que levaria um saco de bondades para o Equador. Agora endureceu de vez ao chamar o embaixador Antonino Marques Porto para explicações.

Bem ou mal, a Venezuela tem petróleo, e a Bolívia, gás. E o Equador? Nada a oferecer e muito a ganhar do Brasil e da Unasul forte. Correa corre ladeira abaixo, sem avaliar os riscos, inclusive de se isolar até de seus aliados Chávez, Evo Morales e Fernando Lugo.

A não ser que tudo seja uma armação contra “o imperialista do Sul”. Aí, nem é mais questão diplomática. É psiquiátrica.

Nosso Comentário :

Brasil, o Imperialista do Sul

Sempre gostei da Eliane Catanhêde, jornalista sensata e esperta. Tão esperta que levanta a lebre de que tudo o que vem acontecendo contra o Brasil desde Morales tratar-se-ia de uma armação limitada aos ditos “revolucionários bolivarianos”. Mas existem roteiristas e atores internos nessa peça teatral, e isso não pode ser esquecido nem menosprezado.

É óbvio que se trata disso mesmo, uma armação sendo coordenada por Chávez, aquele que vem fazendo a sociedade brasileira inteira acordar (com bastante sucesso, graças a Deus) de seu sonho de belo mundo em paz, criancinhas sorrindo e céu sempre azul (mesmo com nosso povo sendo chacinado nas metrópoles mais periculosas).

De uma hora para outra, a área de Defesa saiu do limbo para prioridade nacional. Ainda bem que não precisamos de uma invasão maciça na Amazônia para acordarmos.

Falta o Gigante levantar-se, bater com os punhos fechados nos peitos, e pegar seu tacape para quem vier. Mas isso já é estória para um futuro governo menos titubeante.

Russos, Latinos e Coreanos

Adaptado de comentário de Francisco Braz no blog

O Mangabeira Unger, simpatizante e provavelmente propenso à uma aliança mais próxima com a Rússia do que com a França, disse que os russos “deveriam largar o osso” para justificar a saída do Su-35… Se ele chegou a este ponto é porque os russos queriam trocar os caças por frango e nada mais (era esta a idéia do FX original).

Há quem diga que o desenvolvimento do PAK-FA é um programa russo-indiano. Bom, até onde sei, a participação da Índia no programa é meramente financeira (US$10 bi!), em outras palavras, mais ou menos como o F-35 americano. É mais um consórcio que capta financiamento para dividir o custo do desenvolvimento, sem, no entanto, gerar um intercâmbio de tecnologia.

Não era este intercâmbio, ou transferência tecnológica, que nós desejàvamos e uma das exigências do programa FX-2?

Disse que a Rússia não deixaria de se associar ao Brasil apenas pela saída do Su-35 da concorrência… O presidente russo está chegando aí para assinatura de importantes acordos tecnológicos.

O Brasil acordou, gente, e o planeta inteiro está sabendo disso… Só o povo brasileiro ainda não se conscientizou disso.

O gigante se espreguiça e incomoda a vizinhança, que já não nos vê como um igual (GRAÇAS A DEUS!!) e, claro, querem arrancar uns nacos do gigante antes que ele comece a reagir. Rafael Correa e Lugo que o digam… Foram os últimos a chegarem e serão os primeiros a apanharem (Equador já está na mira e vai perder bem mais que os US$ 264 milhões em investimentos brasileiros).

O Brasil não deve recusar acordos bons… Só os ruins!… Todo mundo faz isso. Se os russos querem agir como os americanos agiam até o momento (PARECE que mudaram (?)), bom, receberão o mesmo tratamento.

Em um planeta em crise e em reestruturação, abrem-se milhares de janelas rápidas para alianças e negócios. O sucesso do Brasil, daqui para frente, depende de quantas destas janelas nós aproveitaremos.

A Hyundai quer parceria conosco???… Bem vindos !!… Construiremos o DKX-2 com sensores franceses, canhões italianos, mísseis israelenses (ou russos, que também são ótimos) e radares suecos… Sem, no entanto, abrir mão das 6 FREMM ou dos 3 Marlins franceses… A MB está numa ruína tão grande que seria ótimo aumentar o número de destróieres para dividir as tarefas entre os DKX e as FREMM. O pacote vem acompanhado por 10 corvetas ???… Beleza!… Manda!… Massss… O que querem em troca?

Os coreanos são bons em engenharia naval… Superam fácil os americanos e europeus… Mas são dependentes demais dos projetos dos outros dois… A construção de petroleiros e plataformas em menos tempo, além dos destróieres, proporcionarão empregos e criação de mão-de-obra crítica para a MB E OS ESTALEIROS, aumentando sua capacidade de concorrer no mercado externo.

Os coreanos também tem projetos de caças… Que a Embraer os ouça e veja se existe possibilidade de montarmos um projeto conjunto!

Mas que não nos enganemos com as aparências… Virou de costas, meu amigo, …. Algo eles querem, não sei o que é, mas querem… Assim como os chineses queriam quando facilitaram a ida da Embraer para Harbin… Agora, maninho, vem a volta!… Querem que a Embraer abra linhas de produção do ERJ 170/190 lá… Notem… QUEREM, caso contrário fecham a fábrica. Pode???

Desde que não venham nos obrigar a aceitar acordos que nos lesem, tudo é válido para melhorar este país que tanto amamos e tão maltratado tem sido.

Saída à francesa

É por causa do satélite de comunicações e do submarino nuclear que o presidente Lula prefere a parceria com a França, em detrimento dos Estados Unidos e da Rússia

Não existe nada que deixe um russo mais satisfeito com a hospitalidade brasileira do que um bom rodízio de churrasco regado a caipirinha. O risco é o convidado passar mal de tanto comer e beber. Nada mais natural, portanto, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereça um banquete à gaúcha ao jovem presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, sob a guarda do Cristo Redentor, no Palácio Guanabara, no Rio, tendo como co-anfitrião o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).

Rússia

Por trás da gastronomia, porém, há dois recados: o Brasil pretende comprar os “soviéticos” helicópteros de ataque MI-35, verdadeiros tanques voadores, mas quer que os russos ampliem as cotas de exportação para os produtos brasileiros, principalmente a carne. Ou seja, a cooperação militar com a Rússia depende da ampliação das relações comerciais de US$ 5 bilhões para US$ 10 bilhões e, principalmente, de uma política de transferência de tecnologia na área militar, à qual os russos são reticentes. Eles argumentam que isso exigiria uma escala de compras de armamentos semelhante às da China e da Índia, o que não é o caso brasileiro.

Oficialmente, no Ministério da Defesa, essa é a razão de o Brasil ter desclassificado os mais versáteis aviões de caça da atualidade, o Sukhoi SU-35, na licitação para renovação da esquadrilha de ataque da Força Aérea Brasileira. Os helicópteros russos, porém, são eficientes e robustos, têm tecnologia menos sofisticada e servirão de pau para toda obra na Amazônia. Além disso, os russos topam produzir no Brasil as peças de reposição. A compra dos aviões russos, diga-se de passagem, foi uma das causas da queda do ex-ministro da Defesa José Viegas Filho.

O governo brasileiro acendeu uma vela para Deus e outra para o diabo. Ao rejeitar os Sukhoi na habilitação para a licitação, sinalizou aos norte-americanos que vai manter a cooperação com os russos em termos moderados, ao contrário da Venezuela de Hugo Chávez ; ao mesmo tempo, abriu a porta para a compra de novos caças franceses Rafaele F 3 em substituição aos velhos Mirages. O problema é que os pilotos brasileiros preferem os F-18 E norte-americanos.

Aliás, recentemente, com os F-5 recauchutados da FAB, deram um baile nos pilotos franceses durante exercícios aéreos conjuntos da Cruzex IV em que derrubaram os Mirage2000 baseados na Guiana Francesa. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, por razões geopolíticas, não esconde a torcida pelo Rafaele; o comandante da Aeronáutica, Junit Saito, por razões militares, prefere os aviões ianques.

França

No governo, quem defende maior cooperação com a Rússia é o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, por causa do futuro da Amazônia, da qual os russos estão mais distantes. Mas o que avança mesmo é a cooperação militar com a França (que tem um pedaço do território no subcontinente), na qual Jobim aposta todas as suas fichas. Haveria de parte dos franceses mais disposição para a transferência de tecnologias do que revelam norte-americanos e russos.

Além dos aviões, os franceses querem nos vender um novo satélite de comunicações, que deixaria o Brasil livre da dependência em relação aos norte-americanos nessa área. Em tempos de “guerra eletrônica”, durante visita à França, Jobim se encantou com o projeto de “soldado do futuro” (infantaria com comunicação e equipamentos integrados), utilizando veículos blindados leves de transportes de tropas como ponto de apoio para “guerra em rede”.

Porém, a menina dos olhos da cooperação militar Brasil-França é a transferência de tecnologia para a construção do submarino nuclear que está sendo desenvolvido pela Marinha brasileira. Em termos doutrinários, para os militares, nosso país não terá “poder de dissuasão” para defender a plataforma continental e a chamada “Amazônia Azul” sem esse submarino, capaz de submergir por longos períodos e atacar de surpresa à longa distância da costa. Os ciclos de construção do seu reator nuclear e do combustível (urânio enriquecido) estão dominados, mas falta o principal em qualquer embarcação: o casco.

O Brasil precisa construir os enormes anéis do casco e soldá-los; a França se dispõe a fazer isso por aqui, num estaleiro preparado para transferir tecnologia. É por causa do satélite e do submarino nuclear que o presidente Lula prefere a parceria com a França, em detrimento dos Estados Unidos e da Rússia. De quebra, deixaria o Brasil de fora da histórica rivalidade entre os dois protagonistas da antiga Guerra Fria. Tudo isso, é claro, se uma recessão mundial não atrapalhar.

Nosso Comentário :

Governo Desiste de Mais 1 % Para Defesa

O que se depreende da matéria acima é que os integrantes do governo brasileiro responsáveis pelo Plano Estratégico de Defesa estão batendo cabeça, agindo sem a mínima coordenação do chefe do Executivo, grande especialista em discursos. E tudo deságua na imprensa. O que tem isso de estratégico ? Nada ! De incompetência tem tudo !

Uma nota no Estadão de hoje afirma que o ministro Jobim apresentou ontem a parlamentares pontos do Plano. O que impressiona na nota é a menção de que a idéia de fixar o orçamento da Defesa em 2,5% do PIB teria sido abandonada.

Desistiram do acréscimo de 1 % do PIB no orçamento de Defesa, para Investimentos e Custeio. Ora, assim este Plano já não vale mais nada e dá vontade de ficarmos falando somente de gastronomia, pelo menos até o próximo governo, que inicia em 2011.

Essa pedra já tinha sido cantada pelo Defesa BR em setembro de 2007, quando do anúncio de que fariam um Plano em um ano, com promessa de apresentação em 7 de setembro de 2008. Esse Plano sempre foi uma grande piada ! Para a nação chorar e o mundo continuar rindo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jobim diz a jornal que advertiu EUA contra intromissão

O ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, afirma em entrevista publicada nesta quinta-feira no jornal argentino La Nación que advertiu os Estados Unidos de que o sistema defensivo sul-americano é um assunto "dos países da região".

Segundo o jornal, Jobim contou que transmitiu essa mensagem no mês passado, em reunião, em Washington, com os secretários americanos da Defesa, Robert Gates, e de Estado, Condoleezza Rice.

"Perguntaram-me sobre o Conselho (de Defesa Sul-Americano) e eu lhes disse que o sistema de defesa sul-americano é um assunto nosso, dos países da região. Não é um tema que caiba aos americanos", disse Jobim ao repórter do La Nación. "Eles insistiram que eu lhes desse alguma mensagem, alguma sugestão do que transmitir a seu presidente (George W. Bush), e simplesmente respondi a eles que não se metessem nisto."

O jornal diz que o ministro da Defesa brasileiro é, "acima de tudo, um grande diplomata".

"Um notável orador capaz de convencer seus vizinhos da necessidade de criar o primeiro órgão de defesa da América do Sul."

Jobim é ainda qualificado pelo La Nación como "um jurista experiente, capaz também de dizer na cara dos Estados Unidos que a partir de agora terão que se manter à margem dos assuntos defensivos da região".

Vizinhos

O repórter Cesar Gonzalez-Calero escreve que "o Brasil se destaca como potência regional a passos gigantescos".

"Não só economicamente como militarmente. Jobim não acredita que isto (...) deva preocupar os seus vizinhos", diz o texto do La Nación.

O ministro brasileiro afirmou, segundo o jornal, que "a Colômbia se opôs, no princípio, a entrar no Conselho (de Defesa Sul-Americano), por seus problemas com a Venezuela e com o Equador, mas depois pudemos convencer o presidente Álvaro Uribe a se integrar, e eles farão isso."

Nelson Jobim disse ainda: "Nós (...) pensamos no continente em seu conjunto. Brasil e Argentina não devem falar com vozes diferentes nos fóruns internacionais. A América do Sul deve falar com uma só voz."

França

O La Nación fala ainda do Plano Estratégico de Defesa, como "uma estrela entre as reformas do segundo mandato de (Luiz Inácio) Lula (da Silva)".

E que a França, "surgiu como o grande sócio estratégico do Brasil" e deve colaborar com "a renovação da indústria militar" do país.

"O velho sonho de um submarino nuclear, que (o Brasil) já acalentava no fim dos anos 70, se tornará realidade agora com o objetivo de proteger os depósitos de petróleo descobertos recentemente no litoral", diz La Nación.

"Em dezembro, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, viajará para o Brasil para firmar com (o presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva) um protocolo de intenções que dá luz verde ao projeto."

"Jobim insiste na idéia de uma voz comum para a região", diz La Nación. "A Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e o Conselho de Defesa Sul-Americano já são dois exemplos dessa estratégia. Dois organismos multilaterais, mas com patente brasileira."

'A força que o país quer'

Voz firme a favor do aparelhamento das Forças Armadas, comandante da Marinha revela entusiasmo com a nova Estratégia Nacional de Defesa e anuncia mais investimentos na ampliação do efetivo para gerar emprego e garantir a soberania do País

Rio - Mais militares, atuando em novas embarcações feitas no Brasil, gerando empregos nos estaleiros nacionais. Reforço de equipamentos e homens para patrulhar águas que vão do chamado Pré-sal (área rica em jazidas de petróleo, no litoral Sudeste) a rios navegáveis da Amazônia. Essa é a Marinha que sairá da nova Estratégia Nacional de Defesa, conforme antecipou a O DIA o comandante de Força, o almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, 65 anos, notório por ter defendido publicamente nos últimos três anos o aparelhamento das Forças Armadas.

O plano que trará a nova Estratégia Nacional de Defesa está previsto para ser anunciado oficialmente, após dois adiamentos, até o dia 15 do mês que vem. Antes disso, porém, os efeitos dos novos ares que sopram na Marinha poderão ser sentidos pelos brasileiros. Daqui a uma semana começa aperto inédito no rigor para comandantes de embarcações de lazer e esporte flagrados tendo consumido qualquer quantidade de álcool. Será durante a Operação Verão, que se estenderá até março. Na ação serão usados 200 bafômetros que a Marinha comprou para estender para o mar a Lei Seca que reduziu os acidentes na rodovias do País.

“Vamos abordar a embarcação e se sentirmos que há alguma necessidade, o condutor será multado ou detido, ou até mesmo entregue à polícia”, explicou o almirante Moura Neto, na entrevista cujos principais trechos podem ser lidos abaixo.

PLANO ESTRATÉGICO

Em 2005, a Marinha apresentou um programa de reaparelhamento e o governo reuniu grupo de trabalho com as três Forças, a Casa Civil e os ministérios do Planejamento e da Defesa para preparar um programa amplo. Ele ficou pronto em 2006 e, durante o ano seguinte, ficou em gestação no Ministério da Defesa. Em seguida, o presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) incumbiu o ministro (Nelson) Jobim (da Defesa) de preparar uma Estratégia Nacional de Defesa. Ou seja, o que o País espera que suas Forças Armadas sejam capazes de executar. Então, de posse dessa missão se faz o programa de reaparelhamento das Forças Armadas.

SUBMARINOS
Os submarinos são a prioridade número um do programa de reaparelhamento da Marinha. Queremos construir submarinos convencionais e avançar no sentido de se construir o submarino com propulsão nuclear. O Programa Nuclear da Marinha começou em 1979 e tem dois grandes projetos: o enriquecimento de urânio (que já está perfeitamente dominado com centrífugas de tecnologia nacional) e o protótipo do reator nuclear, que vai equipar o submarino. É um reator de produção de energia, que fará o motor elétrico do submarino andar. Nosso reator terá 11 megawatts de produção de energia elétrica. Isso faz meu submarino andar, mas também acende a luz de uma cidade de até 20 mil habitantes.

MAIS TEMPO SUBMERSO
O submarino convencional funciona com baterias, que vão descarregando à medida que são aplicadas no motor. De tempos em tempos, esse submarino tem que vir à superfície, ser ligado a um gerador diesel-elétrico para recarregar essas baterias. Daí ele fica vulnerável: se expõe e passa a ser localizável. O submarino de propulsão nuclear funciona de outra maneira. Através da reação nuclear, esquenta a água, que se transforma em vapor. É esse vapor que atua numa turbina, fazendo girar um gerador, que produz energia elétrica. A mesma coisa que acontece nas usinas nucleares. Esse submarino pode permanecer, teoricamente, indefinidamente debaixo da água. Só não fica por causa da resistência psicológica e física das tripulações. É uma arma de dissuasão grande, porque não se expõe. É o que queremos. Ter capacidade de dissuasão, de mostrar ao mundo que somos perfeitamente capazes de garantir a soberania de nossa Amazônia Azul, que é o nome que damos às nossas águas jurisdicionais.

TRIPULAÇÃO ESPECIAL
A partir do ano que vem vamos começar a preparar as tripulações. O primeiro submarino nuclear vai demorar em torno de dez anos para ficar pronto. Já estamos com planejamento de cursos no exterior, intercâmbios entre outras Marinhas e preparo psicológico dessas tripulações. Normalmente as Marinhas que têm esses submarinos possuem duas tripulações: uma fica em terra e a outra vai para o mar. Quando o submarino ficar pronto vamos estar com os tripulantes preparados. Os submarinistas são voluntários, uma vez que envolve mais tempo de afastamento (do lar).

PRIORIDADE DOIS
A segunda maior prioridade do nosso Programa de Aparelhamento são os navios-patrulha. Queremos aumentar o número desses navios para podermos permanecer, permanentemente, junto aos campos petrolíferos, principalmente os mais ricos. É para, nos 365 dias do ano, termos um navio nas proximidades para tomar conta, para defender, se for o caso. O programa é construir 27 navios- patrulha. Teremos navios em terra, fazendo reparos, enquanto outros estarão no mar, próximos dos campos (de petróleo).

MAIS HOMENS
E logicamente claro está que se formos aumentar o número de navios e de bases (navais), com toda certeza teremos que aumentar uma parte do nosso efetivo. Teremos que aumentar para poder fazer frente a essa quantidade enorme de navios que vão chegar.

Esses 27 navios levarão de sete a oito anos para serem construidos. É o tempo que a Marinha vai se preparar, formar mais gente, se organizar para poder fazer frente às novas demandas. Já estamos estudando como vamos aumentar a captação de gente para as Escolas de Aprendizes e para a Escola Naval. Nosso setor de pessoal está estudando como vamos atender essas demandas, que irão ocorrendo no decorrer do tempo.

DOMÍNIO TECNOLÓGICO
A independência tecnológica é que dá independência para o país. Se queremos ter uma força de dissuasão, temos que ter não só Forças Armadas com credibilidade, bem preparadas e bem treinadas, mas temos que ter também uma indústria de defesa que possa apoiar. Se o país compra equipamentos em um outro, o que faz se um dia esse outro país não puder fornecer o sobressalente? É de fundamental importância que, se queremos que o Brasil cresça, que as Forças Armadas assumam posição equiparada ao prestígio político-estratégico do País no cenário internacional, temos que ter auto-suficiência, temos que ser capazes de produzir nossos próprios equipamentos e construir nossos próprios navios.
Não quero dizer com isso que não se vá importar. Alguma coisa terá que ser importada, mas a base será a indústria nacional.

EMPREGO E RENDA
Quando pensamos em reforçar nossa indústria de defesa, estamos pensando também na quantidade de empregos que serão criados. Para se construir navios, os estaleiros vão ter mais trabalho, vão ter mais encomendas. Isso é a máquina produtiva do País avançando, como é o desejo de todos. Hoje estamos construindo dois navios-patrulha. Abrimos processo licitatório para construir mais quatro. Agora, em dezembro, abriremos as cartas com as propostas. Um estaleiro vai vencer. Tudo isso feito com o próprio orçamento da Marinha. O ministro da Defesa, sabedor que o Plano Estratégico de Defesa seria discutido por um ano, liberou a construção de alguns meios de clara necessidade, como é o caso dos navios-patrulha, tendo em vista a proteção das plataformas de petróleo. Mas é claro que é uma pequena parcela de um plano muito ambiciosos de reconstrução, que vai durar 20 anos, gerando empregos e renda.

ROYALTIES
Não há menor dúvida de que quando houver mais produção de petróleo (graças as descobertas das jazidas na área do Pré-sal), o valor dos royalties do petróleo (importância cobrada pelo governo no processo de produção) que será alocado para a Marinha vai aumentar. A Marinha sabe que não tem recebido toda parcela dos royalties a que faz jus.

Uma parte é colocada no orçamento e a outra vai para reserva de contingência da Força e o Governo vai liberando à medida que as receitas permitam. É o problema da administração econômica do País. Com as novas descobertas, claro que está, que uma maior quantidade de royalties entrará. O que será até muito bom para o Governo, porque teremos meios para poder fazer andar esse programa de reaparelhamento, pelo menos o da Marinha. Uma boa parte desse programa com toda certeza, se o Governo assim decidir, poderá sair dos royalties.

GASTOS COM FORÇA
Acho que a sociedade está amadurecida o suficiente para entender os gastos expressivos da Marinha. E se a população parar para pensar, esse gasto é ínfimo perto da quantidade de riquezas que estão em jogo: esses campos do Pré-sal tem um potencial de recursos financeiros para o País tão grande, tão grande, que o que a Marinha vai gastar tem percentual ínfimo perto da riqueza que estamos ali para proteger. A população entende perfeitamente que, se temos grandes riquezas no mar, temos que ter capacidade para protegê-las.

MARINHA FORTE
(Com a nova Estratégia de Defesa) há o crescimento da Marinha em todos os seus cenários. Desde o tomar conta das embarcações de turismo até o tomar conta das nossas plataformas. Essa é uma missão muito grande, uma tarefa muito grande para a qual a Marinha tem se preparado no decorrer desses anos todos.

LEI SECA
O mesmo rigor da Lei Seca no trânsito será aplicado nas águas. Todos os anos, quando chega perto do verão, instauramos a Operação Verão. Aumentamos a nossa presença, aumentamos o policiamento nas águas, nos fazemos mais presentes. Agora vamos comprar os chamados bafômetros, que têm o nome técnico de etilômetro. Eles serão distribuídos e vamos fazer cumprir o que já está nas leis, ou seja, que ninguém possa dirigir uma embarcação no mar alcoolizado, porque isso pode causar um acidente grave, ferindo ou até matando outras pessoas. Vamos abordar a embarcação e se sentir que há alguma necessidade, o condutor será multado ou detido, ou até mesmo entregue à polícia.

Forças Armadas vão dobrar efetivos na Amazônia

BRASÍLIA – O efetivo das Forças Armadas na Amazônia vai dobrar nos próximos anos. Passará dos atuais 25 mil para 40 mil homens. A ampliação da tropa da na região foi anunciada nesta terça-feira pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante audiência na Subcomissão da Amazônia do Senado. Além do aumento do efetivo, a região também ganhará uma base naval como a Agência Amazônia antecipou há duas semanas.


Jobim também aproveitou a audiência para mandar um duro recado às lideranças indígenas. Afirmou, sem meias palavras, que “as terras [indígenas] não pertencem a eles, mas são propriedades da União”. Por essa razão, segundo Jobim, “as Forças Armadas devem ter a liberdade para entrar em terras indígenas, seja com o objetivo de proteger seus habitantes, seja com o fim de resguardar as fronteiras”.

“Não só podemos entrar, como efetivamente vamos entrar”, avisou o ministro da Defesa. E, segundo o ministro, há base legal para isso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou recentemente um decreto autorizando a instalação, em reservas indígenas, de mais de 28 postos de fronteiras. Atualmente, as Forças Armadas mantém 20 postos militares em áreas indígenas.

Jobim explicou que uma maior presença das Forças Armadas na região decorre da percepção de que o atual efetivo é insuficiente para protegê-la. O ministro lembrou que, hoje, cerca de 80% dos conflitos que ocorrem na Amazônia são indígenas.

As declarações de Jobim ocorrem sete meses após o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, classificar de “caótica” da política indigenista do governo federal e avisar que, se necessário, entraria em qualquer reserva indígena com ou sem autorização dos índios.

À época, Heleno também criticou a decisão do governo favorável à demarcação contínua na Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Para o general, a reserva contínua é uma ameaça é soberania brasileira sobre a Amazônia. As declarações de Augusto Heleno irritaram Lula, que chegou a pedir, por meio de Jobim, explicações do comandante militar.

Sem palpites externos

Ainda de acordo com Jobim, o governo Lula estabeleceu uma “agenda brasileira para a Amazônia”. Por meio dessa agenda, diz ele, o Brasil estabeleceria as políticas adequadas ao desenvolvimento sustentável da região, sua proteção ambiental e seu programa de segurança. Assim, segundo Jobim, o País deixaria de atuado Cdefensivamente”, apenas dando respostas a uma agenda estrangeira, mais especificamente com origem na Europa.

"Nós é que temos de decidir sobre a Amazônia. Ela não deve ser um parque de recreio destinado a europeus que já destruíram suas florestas”, avisou Jobim, para quem o Brasil não aceita palpites externos de como cuidar da Amazônia. O ministro explicou também que o esteio dessa agenda brasileira deve ser uma definição jurídica da titularidade das terras da região, de modo que os donos possam se estabelecer de forma permanente e fazer investimentos.

Jobim explicou que só a resolução do problema fundiário na Amazônia poderá dar tranqüilidade jurídica aos que desenvolvem ou pretendem desenvolver atividades econômicas na região. Segundo o ministro, a indefinição da titularidade das terras atrai aventureiros e a economia pobre empurra os que não têm renda para a informalidade e o crime, inclusive ambiental.

“Precisamos fixar o homem na Amazônia”, pregou Jobim. Segundo o ministro, muitos filhos de nativos estão migrando para o Centro-Oeste.

Por sugestão do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), a Subcomissão da Amazônia ouvirá também os ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos). Cavalcanti concorda com o ministro no que se refere à soberania da Amazônia e às questões fundiárias da região.

EUA admitem: domínio no globo será menor até 2025

Num importante desdobramento dos desafios enfrentados pelos Estados Unidos nos últimos anos, o governo da maior potência econômica e militar do planeta reconheceu, em um documento oficial, que seu domínio no cenário internacional será enfraquecido nas próximas décadas. De acordo com os americanos, o país continuará ocupando a posição de grande protagonista do cenário global. A diferença é que, no futuro, a influência do país será desafiada pelos grandes emergentes: China, Rússia, Índia e Brasil.

A avaliação foi feita pelo Conselho Nacional de Inteligência (NIC, na sigla em inglês). "Os próximos 20 anos serão de transição para um novo sistema, cheio de riscos", diz o relatório, intitulado Tendências Globais 2025. É a última edição de um documento preparado a cada quatro anos, antes da posse de um novo presidente. O texto, que foi divulgado nesta sexta-feira, traça um cenário preocupante para o próximo presidente, Barack Obama, que assume o cargo numa cerimônia marcada para dia 20 de janeiro.

Conforme a texto, os EUA não perderão sua liderança no campo militar, mas essa hegemonia será desafiada pelo uso de táticas de guerra "irregulares" e pela proliferação de armas de precisão de longo alcance, entre outros fatores. No estudo anterior, o NIC previa que a posição global dos americanos seria mantida, com um domínio ainda muito claro. Depois de mais quatro anos de governo do presidente George W. Bush, a nova edição avisa: "O país ainda será o ator principal, mas será menos dominante."

Brics - Nesse novo sistema multipolar, as economias emergentes, principalmente as da China, Índia, Rússia e Brasil, são apontadas como desafiantes dos americanos. De acordo com o relatório, se os integrantes do chamado Bric estão em alta, a União Européia será apenas uma "gigante alijada", já que não conseguiria transformar sua força econômica em influência militar e diplomática. Com um número maior de núcleos de poder, a chance de surgimento de conflitos aumenta, avalia o documento americano.

"As rivalidades estratégicas deverão girar ao redor do comércio, dos investimentos e da inovação tecnológica, mas não se deve descartar um cenário como o do século 19, com corrida armamentista, expansão territorial e rivalidades militares. Tipos de conflitos que não vemos há muito tempo, como os que disputam recursos naturais, poderão ressurgir", alerta o texto. Mas o presidente do NIC, Thomas Fingar, avisa: está nas mãos dos governantes de hoje a chance de reduzir o risco de conflito daqui em diante.

Rearmamento venezuelano em risco


A recente queda do preço do barril de petróleo criou uma situação muito dramática para a economia venezuelana e o reaparelhamento das suas Forças Armadas está seriamente comprometido. A equipe econômica do governo daquele país, já prevendo dificuldades para o ano que vem, elaborou um orçamento federal considerando um “valor conservador” para o preço do barril de petróleo em torno de 60 dólares. Mas na semana passada a cotação rondou valores próximos de 40 dólares.

Nos últimos anos, o reaparelhamento das Forças Armadas da Venezuela, assim como os demais projetos do seu governo, foi alçado pela espetacular alta do preço petróleo e seus derivados. Estima-se que nos dez anos à frente do governo venezuelano, o presidente Chavez teve uma receita equivalente aos 40 anos anteriores. Isto explica, em parte, as recentes aquisições e material militar sem paralelo na história daquele país. Porém, daqui para frente a história será outra.

Brasil suspende financiamento de 24 Supertucanos ao Equador

Negócio de US$ 261 milhões é vetado em retaliação
às ameaças de calote ao BNDES feitas por Rafael Correa

Tânia Monteiro e Lu Aiko, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo brasileiro suspendeu a autorização para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie a venda de 24 aviões Supertucanos à Força Aérea do Equador, um negócio de US$ 261 milhões. A medida é mais uma retaliação ao calote anunciado na semana passada pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, que decidiu recorrer à Corte Internacional de Arbitragem para não pagar a dívida de US$ 243 milhões ao BNDES - dinheiro investido na construção da Usina Hidrelétrica de San Francisco, obra tocada pela construtora brasileira Norberto Odebrecht, que foi expulsa do país.

Formalmente, o governo brasileiro ainda não negou o financiamento do BNDES para a compra dos Supertucanos pelo Equador, mas fontes do Planalto foram categóricas, ontem, ao tratar do assunto: "Temos todo o interesse em fechar o negócio. A Embraer não é a Odebrecht, os negócios são completamente diferentes, mas eles (equatorianos) terão de encontrar outra fonte de financiamento."

O negócio da venda dos aviões da Embraer foi anunciado em abril passado pelo próprio Correa. Recentemente, os equatorianos pediram à empresa brasileira para antecipar a entrega de quatro dos aviões para maio do ano que vem. O acordo preliminar foi acertado, mas o contrato não foi assinado e, agora, ele poderá sofrer restrições porque a idéia era financiar a operação de exportação com recursos do BNDES.

Diante do calote no financiamento da hidrelétrica, o próprio banco mandou um recado informal aos negociadores equatorianos: o BNDES não vai analisar novas operações até que se resolva o impasse que envolve a obra da Odebrecht. Com isso, se quiser mesmo receber os aviões em maio, como pediu, Corrêa terá de encontrar outra forma de financiar a compra.

O Brasil tem todo o interesse em concretizar o negócio - comercial e estrategicamente. Comercialmente, porque ele é importante para a Embraer, uma vez que aumenta a área de influência dos seus negócios na América Latina. Mas um ministro assegurou ontem ao Estado que, nessas condições, "não há possibilidade de o financiamento ser aprovado". Colômbia, Chile e El Salvador já possuem Supertucanos integrados às suas Forças Aéreas.

Isso facilita a integração entre as forças, permitindo melhor comunicação durante os exercícios e, em caso de necessidade, de uma operação conjunta de combate ao narcotráfico, por exemplo - além de dar mais equilíbrio à região e uma relativa independência em relação à equipamentos estrangeiros.

A configuração escolhida pelo Equador é a chamada Versão Colômbia, com instrumentos eletrônicos comprados de Israel e capacidade para o uso de armas inteligentes - bombas e mísseis guiados por laser e GPS. Cada avião pode levar até 1,5 tonelada de carga de ataque, mais duas metralhadoras orgânicas .50. As aeronaves eletrônicas do tipo AEW têm um custo básico unitário de US$ 80 milhões - fora o material de suporte.

O ministro da Defesa do Equador, Javier Ponce, disse na ocasião que "o equipamento, centralizado no sistema do radar sueco Erieye, aumentaria de maneira significativa a capacidade de pronta resposta da aviação e defesa aérea."

No Brasil, Medvedev tenta driblar crise

Em momento delicado para Moscou, presidente russo desembarca
hoje no Rio dentro de viagem que inclui Cuba e Venezuela
Kremlin visa estreitar laços na antiga área de influência dos EUA,
mas esbarra em queda do preço do petróleo e em atritos com ex-rivais

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, desembarca hoje à noite no Rio para a segunda etapa de um giro latino-americano no qual pretende vender a nova dimensão estratégica de seu país.

Embora Medvedev (pronúncia aproximada: "midviêdef)" esteja efetivamente brincando no quintal geopolítico dos Estados Unidos, promovendo sua aliança com a antiamericana Venezuela e tentando fortalecer laços com o Brasil, a quantidade de problemas recentes em casa tirou um pouco da desenvoltura dos russos.

No Brasil, assinará acordos de cooperação e tentará engatilhar vendas de armas, algo difícil (leia texto ao lado).

O cenário inicial era favorável ao Kremlin. Medvedev chega em um momento em que seu país humilhou o Ocidente na guerra de agosto com a Geórgia. Moscou só não ocupou todo o pequeno país para poder garantir uma volta rápida da Europa à mesa de negociações -o que já ocorreu.

Ontem, em seu segundo dia de viagem, lembrou de suas "diferenças" ao encontrar-se com o colega americano George W. Bush na cúpula de países da Ásia e do Pacífico em Lima, Peru. "A despeito da existência de pontos em que nós divergimos pesadamente, nós temos trabalhado bem e vamos continuar esse trabalho", disse o russo, que ainda tirou uma casquinha do presidente que deixa o cargo em janeiro: "Ficaremos felizes em recebê-lo na Rússia". Um assessor ainda sugeriu: "Ele pode ir pescar", disse Sergei Prikhodko a agências de notícias.

Agenda de crise

Só que será com Barack Obama, e não Bush, com quem Medvedev e seu líder político, o premiê Vladimir Putin, irão negociar a partir de 2009. E a agenda é extensa, incluindo Geórgia, o sistema antimísseis que os EUA querem instalar na Europa, terrorismo, expansão da Otan, entre outros.

Os problemas para Medvedev não param aí. Todo o ressurgimento geopolítico da Rússia nos oito anos de governo Putin foi lastreado no apetite mundial por hidrocarbonetos. Com o barril de petróleo na casa dos US$ 50 e uma recessão mundial em desenvolvimento, os dólares para financiar as aventuras russas ficam comprometidos. Além disso, o mercado de ações e o sistema bancário do país estão sofrendo pesadamente com a vertente financeira da crise global.

Por isso, cabe especial atenção à terceira perna da viagem de Medvedev, Caracas. Lá, o presidente Hugo Chávez assinará acordos energéticos com os russos sentindo o peso do mesmo problema, a queda no preço do petróleo que lhe garante coisas como compras de US$ 5 bilhões desde 2005 em armamentos da Rússia. É de se esperar que ambos adotem a cautela retórica sobre Washington, à espera de Obama.

Isso não muda dois fatos que são vistos com preocupação nos meios militares americanos. Primeiro: depois de exercícios com dois bombardeiros estratégicos usando bases venezuelanas, uma frota naval russa fará exercícios com navios de Chávez no Caribe -o venezuelano anunciou que a esquadra chegaria já ontem ou hoje.

Segundo: na etapa final do giro, Medvedev irá ao antigo satélite de Cuba, onde pretende estabelecer uma nova cooperação militar -interrompida com o fim da União Soviética em 1991. Há rumores de que bases cubanas possam servir de apoio logístico à aviação de longo alcance russa, embora alguns analistas duvidem da real capacidade operacional de Moscou.

Com uma agenda de crise, o giro de Medvedev não terá o brilho esperado em Moscou, mas nem tampouco pode ser descartado do ponto de vista de novidade geopolítica.

Rússia busca ampliar venda militar ao Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sua primeira visita ao Brasil, Dmitri Medvedev assinará os acordos de cooperação bilateral costumeiros desse tipo de viagem. Mas um dos grandes interesses de sua delegação está nos bastidores, na tentativa de recuperar o espaço perdido para a França no campo de intercâmbio militar.

Com efeito, a grande esperança dos diplomatas russos é poder anunciar durante a visita o fechamento de um negócio de US$ 250 milhões que vem se desenrolando há dois anos, a compra de 12 helicópteros de transporte e ataque Mi-35 para a Força Aérea Brasileira. A FAB desconversa.

O nó a ser desatado é a exigência de que fossem instalados aviônicos israelenses feitos no Brasil pela empresa AEL, o que os russos consideravam antieconômico numa compra tão pequena.

De certa forma, a questão resume o principal problema nas sempre travadas negociações comerciais entre os dois países. O Brasil defende que não quer fazer compras de prateleira, exigindo contrapartidas comerciais e tecnológicas. A Rússia concorda, mas demanda escala para que isso seja viável -como nos acordos para produção de aviões de caça seus na Índia e na China.

Além dos helicópteros, os russos irão ofertar aviões de treinamento básico Yak-130 e sistemas de mísseis, mas essas ainda são negociações incertas.

Com uma nova política de defesa sendo elaborada a passos lentos pelo governo brasileiro, contudo, Paris ultrapassou Moscou e tornou-se a parceira estratégica preferencial. O primeiro sinal foi a retirada da lista de finalistas para fornecer o novo caça da FAB, motivada também pelo temor de um alinhamento com a grande compradora de armas russas na região, a antiamericana Venezuela, assim como considerações técnicas.

Mas isso não deverá mudar o peso que a Rússia tem como parceiro comercial no campo de carnes, principais produtos na pauta exportadora do Brasil para o país.

As exportações brasileiras para a Rússia subiram de US$ 423 milhões em 2000 para US$ 3,7 bilhões no ano passado. Já o Brasil comprou US$ 1,7 bilhão em produtos russos em 2007. A Câmara de Comércio Brasil-Rússia espera que o volume entre os países chegue a US$ 7 bilhões neste ano, e a US$ 10 bilhões em 2010.

Medvedev, que chega hoje ao Rio e fará turismo amanhã pela cidade, será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um churrasco no Palácio das Laranjeiras.

Na quarta-feira, assinarão um acordo de cooperação nuclear e outros visando acabar com a exigência de vistos entre os dois países. Memorandos na área energética também devem ser assinados.
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