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Salmo 127

1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem.

3 Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

4 Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Como Israel Destruiu o Reator Nuclear Sírio de Al Kibar



Em setembro de 2007, caças israelenses destruíram um misterioso complexo no deserto sírio. O incidente poderia ter levado a uma guerra, mas foi silenciado por ambos os lados. Era uma usina nuclear? Quem deu as ordens para o ataque?


poderoso rio Eufrates é objeto de profecias no livro bíblico das Revelações, onde está escrito que ele será o cenário da batalha do Armageddon. “O Sexto Anjo derramou seu cântaro no grande rio Eufrates e sua água secou para preparar o caminho para os reis do Leste". Hoje o tempo parece ter parado ao longo do rio. As águas azul-turquesa do Eufrates fluem através da cidade fronteiriça síria de Deir el-Zor, cujo nome significa “Monastério na Floresta”. Fazendeiros semeiam os campos e vendedores negociam cobertores de pelo de camelo, cardamomo e coentro nos bazares da cidade. Ocasionalmente arqueólogos visitam a região para escavar os restos de antigas cidades na área cincunjacente, um lugar onde muitos povos deixaram sua marca – os Partas e os Sassanidas, os Romanos e os Judeus, os Otomanos e os Franceses, que foram designados para um mandato na Síria pela Liga das Nações e que somente retiraram suas tropas em 1946. Deir el-Zor é a última parada antes do vasto, vazio deserto, um lugar sem vida feito de montanhas escarpadas e vales inacessíveis que começa não muito distante do centro da cidade.

Mas em uma noite dois anos atrás algo dramático aconteceu neste lugar modorrento. Um evento que os residentes locais discutem aos sussurros em casas de chá ao longo do rio quando estão confiantes que não há funcionários do governo para ouvir – o assunto é tabu na mídia controlada pelo estado e eles sabem que destinar muita atenção a si próprios neste estado autoritário pode lhes causar problemas à saúde.

Alguém em Deir el-Zor fala em um brilho resplandecente que clareou a noite no distante deserto, outros dizem ter visto uma gigantesca coluna de fumaça sobre o Eufrates, como um dedo ameaçador. Alguns falam em augúrios, outros relatam teorias de conspiração. Os velhos e piedosos freqüentadores do Jisr al-Kabir, um popular restaurante próximo da ponte suspensa, divisa da cidade, acreditam que foi um sinal dos céus.

Todos os rumores têm turvado desde longo tempo as águas do que o povo pode ou não ter visto. Mas mesmo o supostamente avançado mundo ocidental, com sua tecnologia de reconhecimento no estado-da-arte e interconectabilidade pela mídia de massa, tem poucas informações sólidas a mais do que as pessoas nesta cidade síria do deserto. O que aconteceu na noite de 06/09/2007 no deserto, a 130 km da fronteira iraquiana e 30 km de Deir el-Zor é um dos grandes mistérios dos nossos tempos.

‘Este Incidente Jamais Ocorreu’
Às 02:55 da madrugada naquele dia a agência de notícias SANA, baseada em Damasco, reportou que caças israelenses vindos do Mediterrâneo invadiram o espaço aéreo sírio por volta de uma hora da manhã. “Algumas unidades de defesa aérea os enfrentaram e forçaram a sua retirada após lançarem algumas munições em áreas desertas sem causar qualquer dano a seres humanos ou materiais”, disse um porta-voz militar, de acordo com a agência. Não havia qualquer explicação para o porquê de um evento tão dramático ser ocultado por metade de um dia.

Às 06:46 da tarde a rádio governamental israelense citou um porta-voz militar que teria dito: “este incidente jamais ocorreu”. Às 08:46 da noite outro porta-voz, este do Departamento de Estado norte-americano, disse durante uma coletiva diária à imprensa que ele somente tinha ouvido “informes em segunda mão” que “contradiziam” uns aos outros.
Até este dia Síria e Israel, dois países que têm estado tecnicamente em Guerra desde a fundação do estado judeu em 1948, aderiram amplamente a uma bizarra política de minimizarem o que foi claramente um ato de guerra. Gradualmente se tornou claro que os pilotos de caça não lançaram aleatoriamente algumas munições na vazia terra de ninguém naquela noite, mas haviam de fato atacado e destruído um complexo secreto sírio. Era ele uma usina nuclear na qual cientistas estavam à beira de completar a bomba? Haviam especialistas norte-coreanos, talvez até iranianos, trabalhando também nesta usina secreta síria? Quando e como os israelenses souberam do projeto, e por que eles assumiram um risco tão grande para conduzir sua operação clandestina? Foi a destruição do complexo de Al Kibar como que um aviso final aos iranianos, uma demonstração do que os israelenses planejam fazer se Teerã continuar com seu suspeito programa de armas nucleares?

Em meses recentes temos conversado com politicos-chave e especialistas a respeito do misterioso incidente no deserto sírio, incluindo o próprio presidente da Síria, Bashar Assad, o especialista israelense em inteligência, Ronen Bergman, o dirigente da AIEA, Mohammed El Baradei, e o influente especialista americano em questões nucleares, David Albright. Falamos também com indivíduos envolvidos na operação, que têm concordado apenas agora em revelar, e sob condições de anonimato, o que eles sabem.

Este empenho levou a uma conclusão que, embora não resolvendo inteiramente o mistério, ao menos coloca em seus lugares várias peças do quebra-cabeça. Ela também oferece a avaliação de uma operação que mudou o Oriente Médio e gerou ondas de choque que ainda podem ser sentidas hoje.

‘Alvo Destruído’
Base Aérea de Ramat David, 05/09/2007. A base aérea israelense de Ramat David está localizada ao sul da cidade portuária de Haifa. Fica perto também de Megiddo, que de acordo com a Bíblia será o local do Armageddon, a batalha final entre o bem e o mal.
A ordem que os pilotos no esquadrão receberam pouco antes das 23 horas em 05/09/2007 parecia puramente rotineira: eles deveriam estar preparados para um exercício de emergência. Todas as dez aeronaves disponíveis, conhecidas afetuosamente pelos pilotos como ‘Raam’ (‘Trovão’), decolariam ao céu noturno e aproariam para o oeste, Mediterrâneo afora. Era uma manobra designada para desviar a atenção da extraordinária mobilização que estava sendo feita nos bastidores.

Três dos dez F-15 receberam ordens de retornar à base enquanto os sete remanescentes continuaram voando leste-nordeste, a baixa altitude, rumo à já próxima fronteira síria, onde eles usaram suas armas guiadas de precisão para eliminar uma estação de radar. Após 18 minutos adicionais de voo, eles alcançaram a área em torno de Deir el-Zor. Neste momento os pilotos israelenses já tinham as coordenadas do complexo de Al Kibar programadas em seus computadores de bordo. O ataque foi filmado do ar e, como é sempre o caso nestes ataques, as bombas eram muito mais destrutivas que o necessário. Para os israelenses há pouca diferença entre alguns guardas serem mortos ou um número maior de pessoas.

Imediatamente a seguir ao breve informe dos militares (“alvo destruído”) o Primeiro Ministro Ehud Olmert ligou para o seu colega turco Recep Tayyip Erdogan e pediu-lhe para informar ao Presidente Assad em Damasco que Israel não toleraria outra usina nuclear – mas que nenhuma ação hostil posterior estava planejada. Israel, disse Olmert, não queria causar problemas com o incidente e ainda estava interessado em fazer a paz com Damasco. Acrescentou que, se Damasco optasse por não chamar a atenção para o caso, Israel faria o mesmo.
Assim, um silêncio ensurdecedor sobre o misterioso evento no deserto começou. Todavia, a história não acaba aqui porque muitos optaram por lançar luz sobre o incidente – e outros interessados em obter vingança.Washington, DC, fim de Outubro de 2007. O independente Instituto Para Ciência e Segurança Internacional (ISIS) está localizado a menos de uma milha da Casa Branca. Ele é mais importante do que alguns departamentos federais dos EUA.

O escritório de seu fundador e presidente, David Albright, que possui graduação em física e foi membro do grupo de especialistas da AIEA no Iraque está na suíte 500 do prédio de tijolos que abriga o ISIS. Por relaxado que ele parece à sua equipe, em suas calças plissadas cáqui e camisa de mangas arregaçadas eles sabem que não é acidental que Albright tenha trabalhado para tornar o ISIS um dos ‘think tanks’ em Washington. As palavras de Albright têm um peso significativo no mundo dos cientistas nucleares.

O ISIS levou quarto semanas analisando as informações iniciais sobre o misterioso ataque aéreo na Síria, peneirando imagens de satélite que cobriam uma área de 25.000 quilômetros quadrados até descobrirem o complexo de prédios destruídos no deserto.
Em abril de 2008 Albright recebeu um inesperado convite da CIA para um encontro. Lá, o então Diretor da CIA, Michael Hayden, mostrou-lhe imagens que os israelenses haviam obtido do computador sírio em Londres (para grande indignação do governo em Tel Aviv, incidentalmente, uma vez que forneceu dados sobre fontes do Mossad). As fotos proporcionaram meios a Albright para, já familiarizado com as dimensões e características do reator norte-coreano Yongbyon, comparar as várias fases em Al Kibar. “Não há grandes dúvidas de que estávamos lidando com um reator nuclear na Síria”, o cientista concluiu.

Albright acredita que o estranho comportamento da CIA deve ser compreendido dentro do contexto do desastre no Iraque. À época, a administração do então Presidente George W. Bush, citando informações da CIA, constantemente repetia a falsa afirmação de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. Desta vez a inteligência americana queria provar que a ameaça era real.

Mas onde os sírios obtiveram o urânio que eles necessitavam para seu reator de água pesada e em que fábricas secretas ele foi enriquecido? Além dos norte-coreanos os iranianos estariam também envolvidos? E o que as imagens mais recentes deste “Projeto Manhattan” no deserto sírio atualmente descrevem – a conversão de uma usina já existente ou uma completamente nova?
Por Erich Follath e Holger Stark
Originalmente Publicado por Der Spiegel
Tradução: Túlio Ricardo Moreira

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