Porque o Gripen NG Para Palpite Vencedor do FX-2

Estive me deliciando com os comentários sobre esta noticia da decisão do FX-2 estar próxima. Algumas coisas me saltaram aos olhos.

Notei que todos acham o F/A-18 a resposta mais apropriada para a FAB, ainda que represente uma enorme dependência dos americanos, única e exclusivamente porque precisamos dos caças para ontem… Se assim for já estamos perdidos.

Mesmo os F/A-18 não chegarão antes do final de 2010 ou início de 2011, visto que a Boeing vai levar 48 meses para entregar UM P-8 Poseidon dos 8 que a Índia adquiriu e só receberá os outros 7 em 2015, quem dirá entregar 36 F/A-18. Não se compra um avião de combate (mesmo de “prateleira”) para entrega imediata… Isso simplesmente não existe.

Se o Brasil está, na janela temporal de 2 a 3 anos, em iminência de um combate, lamento informar-lhes, já estamos ferrados!

Não vamos brincar de “junte os pontos” novamente (os últimos já renderam bastante), mas acho que o palpite vencedor é de quem apostou no Gripen NG para o FX-2. Além, claro, da minha simpatia pelos suecos (de conhecimento amplo, geral e irrestrito), as seguintes informações, algumas não sei de onde chegaram ao meu conhecimento, fortalecem este pressentimento. Senão, vejamos:

1º) Contra o Rafale pesa a experiência, nada positiva, do longo período de atuação do Mirage III BR. Foi o caos manter os Jaguares no ar e um custo sem igual. Além do mais, segundo nossos colegas, corre o risco do programa morrer no FX-2 por conta da crise.

2º) Como todos atentaram nos acordos recém-assinados com os franceses, o caça ficou de fora… Nada que um aditivo não resolva, mas que é estranho ninguém contesta.

3º) O Gripen já nasceu multifunção, ou seja, desde o primeiro protótipo ele executa as tarefas de caça de superioridade, ataque naval e terrestre. Como o NG só acrescenta alcance e carga ao original, não há porque acreditar que ele seja diferente.

4º) A experiência da FAB com os suecos é para lá de positiva. Ela advém da criação do R-99 A, cujo radar é sueco, e (esta é conjectura) acredito que tenha dado uma “mãozinha” para nossos programas SABER 60, dos quais o EB já pediu lote piloto, e SABER 200, em desenvolvimento (curiosamente, tais programas surgiram após os R-99 A).

5º) A FAB, acredito eu, deve ter acompanhado o processo de transferência de tecnologia envolvendo os suecos e a África do Sul.

6º) Há boatos, não confirmados pela SAAB, de que foi solicitada uma versão naval para um dos possíveis compradores do GRIPEN… Apenas dois destes “possíveis” compradores operam porta-aviões… O Brasil e a Índia… Apenas por curiosidade, mesmo mais “gordinho”, o Gripen NG tem o peso certinho para operar no A-12… Reforçado o trem de pouso e colocado um gancho de parada teremos um avião de respeito no nosso A-12 e com compatibilidade total com os caças da FAB… Economia de escala.

7º) Uma das vantagens do Gripen NG é que está em fase de desenvolvimento, fase ideal para a Embraer entrar no projeto e adquirir todo o conhecimento necessário para a construção de um caça próprio. E daí vem outra dica… Ano de entrega 2015… Todos achamos estranho tanto tempo, mas se for na base de desenvolvimento conjunto já seria um grande passo para a Embraer competir com os programas chinês, sul coreano e indiano de caças a jato leves.

8º) Outra coincidência… Os suecos divulgam o desenvolvimento de um Gripen de 5ª geração… Não sei não, mas acho que nossos US$ 10 bi estarão mais seguros com os suecos do que com os russos.

9º) O Gripen já havia levado o FX-1. Como só foram modificadas as condições que travaram os suecos na concorrência anterior, não vejo porque ele não leve esta também.

10º) Os outros fatores já foram descritos em outras ocasiões (tais como a modularidade da aviônica e logística parecida com o A-29, facilidade de manutenção e deslocamento).

Por estas e mais aquelas é que não me surpreenderia se o Grifo recebesse as cores verde-amarelas e aterrorizasse os corações de quem quer que pense em meter-se conosco.

Notaram que, afora o segundo parágrafo e este, não me referi mais aos F/A-18? Em minha opinião, ainda que contrária à da maioria, este tipo de negócio enterraria de vez a FAB. Os motivos também são de conhecimento público.

Francisco Braz para o Blog Defesa BR