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Salmo 127

1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem.

3 Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

4 Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.

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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

INSEGURANÇA – FATOR DE INSTABILIDADE DA AMÉRICA LATINA

André Luís Woloszyn,
Analista de Inteligência Estratégica, Pós-Graduado em Ciências Penais e em Criminologia,
Diplomado pela Escola Superior de Guerra, em Inteligência Estratégica.

Muitas questões tem contribuído para a instabilidade na América Latina e mantendo-se esta sistematicidade, em curto período, poderá gerar uma desestabilização em todo o continente. Mas dentre estas, nenhuma é tão evidente e ameaçadora como os aspectos relacionados a segurança hemisférica, em seu sentido mais amplo.

O cenário atual é desanimador e as conseqüências do que podemos chamar de crise da violência tem grande impacto econômico e social em governos e suas populações. Há muito a região vem liderando o índice de homicídios globais e além de outros delitos, crescem os conflitos relacionados a política e as drogas.

No México, houve um recrudescimento do que especialistas denominam “narcoviolência” com vários cartéis de drogas disputando o controle de rotas para os EUA e de mercados locais. Estimativas oficiais apontam para 2.300 mortes neste confronto desde janeiro de 2007, porém dados extra-oficiais apontam para 4 mil mortos.

Na América Central, principalmente em El Salvador, Guatemala e Nicarágua (países envolvidos em guerras civis e insurreições na década de 80) foi observado o fortalecimento dos Maras ou a “banda” – organização criminosa transnacional que atua em áreas urbanas com mais de 70 mil integrantes, envolvida com tráfico de drogas, extorsões, prostituição e homicídios. Possui ramificações em todos os países da América Central, nos Estados Unidos, Canadá, México e Espanha.

Na América do Sul, a crise atinge oito dos doze países. Iniciando-se pela Venezuela que tem protagonizado diversos incidentes diplomáticos nos últimos anos com o suposto apoio financeiro às FARC – organização paramilitar colombiana com base em atividades de guerrilha e terrorismo – a corrida armamentista implementada com a Rússia, as constantes interferências no governo da Bolívia e tentativas no governo do Paraguai, objetivando estender a todo o continente sul americano a revolução bolivariana. Passa também, por uma crise interna com a redução dos direitos e garantias individuais, notadamente a liberdade de imprensa e o direito a livre pensamento e associação.

A Colômbia, por sua vez, ainda luta contra as FARC e segundo a análise de especialistas internacionais, não vem conseguindo grandes progressos inobstante as recentes mortes e prisões de importantes lideranças guerrilheiras, entre estas, a de Raul Reyes, o 2º na hierarquia, morto em ataque aéreo em território equatoriano e do episódio cinematrográfico da libertação de reféns mantidos em cativeiro a oito anos, entre estes, o da franco-colombiana Ingrid Betancourt. Ao contrário, as ações do governo colombiano não estão impedindo que aquele grupo narcoterrorista desenvolva intercâmbios e busque ramificações com outras organizações criminosas na América Central, Europa e Latino América, notadamente no Brasil.

Com relação ao Equador, este foi palco recentemente de um dos mais graves incidentes diplomáticos da década, quando da incursão de tropas colombianas em território equatoriano para capturar guerrilheiros das FARC, motivo de tensão que beirou a um conflito armado de sérias proporções não fosse a intervenção diplomática do Brasil como mediador junto a ONU.

No Peru, ressurge o grupo guerrilheiro conhecido como “Sendero Luminoso”- responsável pela morte de aproximadamente 70 mil pessoas entre as décadas de 80/2000, cujos remanescentes tem realizado freqüentes emboscadas contra tropas federais e contra a população dos chamados departamentos (municípios) utilizando-se, a maioria das vezes, de artefatos explosivos e assassinatos.

Já a Bolívia, encontra-se mergulhada em uma crise interna sem precedentes, com ondas de protestos e distúrbios de rua, prisões, confronto entre tropas federais e segmentos da população resultando dezenas de mortos e feridos, e cuja evolução poderá se desencadear em uma guerra civil. Estimativas oficiais dão conta da existência de aproximadamente 100 pessoas desaparecidas, mas o número pode chegar a 350 segundo registros de organizações internacionais de direitos humanos.

No Paraguai, recrudesce as investidas de integrantes das chamadas “Comissões de Sem Terra” ou Movimento Campesino Paraguaio –MCP que, utilizando-se do pretexto da defesa da soberania, invadiram terras e destruíram plantações pertencentes a agricultores brasileiros, conhecidos como “brasiguaios” –residentes e radicalizados no país há décadas, especialmente na faixa de fronteira, onde através da violência, ameaças e coações, este movimento objetiva se apossar das terras produtivas e expulsar os estrangeiros, causando instabilidade política na região.

A Argentina tem sofrido com freqüentes paralisações, distúrbios e interdição de estradas e rodovias por produtores descontentes com a política do agronegócio do governo. As manifestações contra a construção de uma fábrica de celulose do grupo finlandês Botnia no Uruguai também geraram uma crise diplomática entre os dois países.

No Brasil, o quadro não é diferente. Grandes tensões pela demarcação em faixa contínua da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, medindo 1,7 milhões de hectares e onde coabitam 18 mil índios e 200 não índios causando conflitos entre posseiros, a maioria arrozeiros, e indígenas. Outro exemplo foi a tomada da hidrelétrica de Tucuruí por um grupo integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens –MAB ação que ameaçou o fornecimento de energia para diversas regiões do país com risco de blackout em 60% do território nacional. O crescimento e fortalecimento de organizações criminosas como o PCC–Primeiro Comando da Capital, das milícias e a postura de alguns movimentos sociais também é visto com preocupação e demonstra a fragilidade do sistema.

Interessante ressaltar que os fatos acima descritos ocorreram ou ainda estão ocorrendo no biênio 2007/2008 mostrando tendências a recrudescer e constituindo-se na maior crise de insegurança do hemisfério desde as décadas de 60/90, quando conflitos perpetrados por grupos de guerrilha e terrorismo tinham destacada atuação em todos os países citados na prática de atentados, seqüestros, roubos e assassinatos.

Esta conjuntura está sendo acompanhada em países pertencentes a outros blocos e provavelmente a situação atual da América Latina tenha repercutido quando da aprovação da nova lei antiimigração nos países da comunidade européia cujo maior número de imigrantes ilegais são latino americanos. Da mesma forma, foi tratada a questão da proposta de reativação da 4ª Frota da Marinha dos EUA, no patrulhamento dos oceanos Atlântico e Pacífico Sul, principais rotas marítimas do tráfico internacional de drogas para os Estados Unidos e Europa, através da África.

Para muitos observadores, a região de maneira geral, mantendo-se o atual quadro de constantes crises internas, se constitui em um barril de pólvora cujo estopim poderá ser acionado a qualquer momento. A incógnita é saber como os governos destes países irão tratar o problema e que medidas irão adotar.

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