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Salmo 127

1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem.

3 Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

4 Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Para o Brasil, Zelaya virou um 'problemão'


Crise: Com o retorno a Honduras consumado, porém, autoridades brasileiras pedem pressão contra golpistas

O Brasil foi constrangido a aceitar o pedido do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, de se abrigar na embaixada brasileira em Tegucigalpa, e o considera um "problemão", que só será resolvido com pressão da comunidade internacional sobre o governo golpista. É o que diz um ministro próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo nega que sabia com antecedência da intenção de Zelaya de se abrigar na embaixada. O incidente desagradou ao Palácio do Planalto, dizem ministros e auxiliares de Lula, que, porém, evita críticas abertas a Zelaya por apoiá-lo contra os golpistas no país.

"Isso que aconteceu em Honduras é um sinal muito ruim do que pode acontecer em outros países", disse Lula em Nova York, ao afirmar que espera que os golpistas deixem Zelaya reassumir a Presidência. Lula aproveitou a Assembleia Geral da ONU para pedir uma reunião do Conselho de Segurança dedicada à crise hondurenha e conversar sobre o tema com o presidente dos EUA, Barack Obama.

Em seu discurso de quase 70 parágrafos, Lula inseriu um, entre uma referência ao embargo contra Cuba e a defesa do ambiente, para falar da necessidade de vontade política para mudanças. "Sem vontade política continuarão a proliferar golpes de Estado como o que derrubou o Presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, que se encontra, desde segunda-feira, refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa", lembrou. "A comunidade internacional exige que Zelaya reassuma imediatamente a Presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha."

"Não criamos essa situação: ele é o presidente constitucional, estava no país e pediu abrigo", argumentou ontem o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. "Estávamos obrigados a ajudá-lo, somos signatários da Convenção de Viena." Quem diz que o Brasil deveria negar a entrada de Zelaya na embaixada "nunca se viu na situação de pedir asilo em uma embaixada", comentou. "O impasse não é com a Embaixada do Brasil, é com os golpistas que não querem deixar o poder."

Reservadamente, membros do governo dizem que incomodou o uso feito por Zelaya das dependências diplomáticas do Brasil, transformadas em escritório político, com recepção de simpatizantes e jornalistas. Há dois dias, Lula pediu, por telefone e publicamente, que Zelaya fosse discreto, para "não permitir nenhum pretexto para que os golpistas resolvam praticar violência". Ontem, os apelos de discrição ao presidente deposto foram repetidos pelo Itamaraty. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse à BBC, que "não vai acontecer" o uso político da embaixada por Zelaya.

Também à BBC, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Inzulza, defendeu a atuação brasileira. "O governo do Brasil está atuando bem e atuou com o respaldo de toda, toda com letras maiúsculas, a comunidade internacional", disse.

Diferentemente do que havia acontecido na véspera, quando Zelaya chegou com dezenas de simpatizantes e a manifestação à porta da embaixada levou a repressão violenta das autoridades, o presidente deposto de Honduras limitou sua atuação ontem. O governo brasileiro evita oficializar o asilo político a Zelaya por avaliar que isso representaria um reconhecimento da grupo no poder, cuja legitimidade foi condenada unanimemente pelos países da OEA, inclusive os EUA.

Segundo país mais pobre da América Central, com um Produto Interno Bruto inferior a US$ 15 bilhões e exportações concentradas na venda de produtos básicos, Honduras tem menos de nove milhões de habitantes e taxa de desemprego de quase 30%. Um de seus programas sociais mais bem sucedidos é a distribuição de fogões a lenha para a população mais pobre. Esse é o país em que Zelaya, um grande fazendeiro beneficiário da extrema desigualdade de renda, chegou ao poder.

Contra elites políticas, bem situadas no Congresso e na Suprema Corte do país, Zelaya tentou fazer uma consulta sobre a possibilidade de reeleição, algo proibido na Constituição hondurenha. A tentativa foi identificada pelos opositores como um esforço de levar ao país ao modelo adotado por Hugo Chávez na Venezuela. Segundo um ministro de Lula, Zelaya é um "trapalhão político", que nem sequer teria segurança de que a consulta sobre a reeleição seria aceita.

Diplomatas experientes, que trabalharam no governo Fernando Henrique Cardoso, desconfiam da garantia do governo de que Lula foi pego de surpresa com a chegada de Zelaya à embaixada, onde entrou depois de contato telefônico da esposa, que o acompanhou. Semanas atrás, o próprio Zelaya foi recebido por Lula em Brasília, por onde passou também, há duas semanas, o presidente de El Salvador, Maurício Funes, que deu apoio logístico à viagem de retorno de Zelaya a Honduras. A mulher de Funes, Vânia, é filiada ao PT.

"Acredito que o governo brasileiro não teve nada com a situação, mas é difícil que não estivessem sabendo antes que Zelaya iria bater na porta da embaixada", comentou o embaixador Rubens Barbosa, diretor da Federação das Indústrias de São Paulo. "Acho muito difícil acreditar na versão de que tudo foi feito sem que o governo brasileiro soubesse antes", concorda o embaixador Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores.

Lampreia e Barbosa afirmam que Honduras é um país alheio à área de influência do Brasil, e que a acolhida a Zelaya cria riscos sérios de desmoralização para a diplomacia brasileira. "Uma coisa é dar apoio a Zelaya, o que foi correto; outra é assumir protagonismo", argumenta Lampreia. "O Brasil estava bem na foto, mas agora assumiu um risco com possibilidade restrita de retorno positivo", endossa Barbosa.

Sergio Leo, de Brasília

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