terça-feira, 6 de outubro de 2009
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Gripen NG Brasil será mais nacional do que o AMX, diz Saab
Oferta final da empresa sueca enviada à FAB prevê 80% da produção do Gripen NG no Brasil; Ouça trechos da entrevista.
“Nós propomos que o Gripen NG seja produzido no Brasil, para o Brasil e para o mercado mundial”. A declaração do CEO da Saab, Åke Svensson, é a tônica da proposta final da empresa, entregue à Força Aérea Brasileira na última sexta-feira (2/10). Ainda buscando desbancar o favoritismo explícito do francês Rafale na concorrência que vai definir a nova aeronave de combate brasileira, o Projeto F-X2, os suecos ampliaram seus esforços para tentar convencer o governo brasileiro de que o agora chamado Gripen NG Brasil seria a melhor oferta entre os concorrentes.
Diante dessa tarefa pouco confortável, estiveram presentes na coletiva de imprensa realizada na mesma sexta-feira, na Embaixada da Suécia, em Brasília, além do CEO Åke Svensson, o Secretário de Estado da Defesa Håkan Jevrell, o Tenente General Mats Nilsson, Chefe do Departamento de Assuntos Militares, e o Diretor-Geral da Saab para o Brasil, Bengt Jéner.
Primeiro a falar, o Secretário de Defesa Håkan Jevrell declarou que sua presença no Brasil significava o apoio do Governo sueco à proposta da Saab. Jevrell argumentou que a oferta da empresa, apresentada na última quinta-feira (1/10) para o Senado brasileiro e discutida com o Ministro da Defesa Nelson Jobim, não se resume a uma simples venda de caças. “A Suécia pode oferecer uma parceria muito ampla, muito além do Gripen NG Brasil. Entre outras coisas, não estamos procurando um comprador e sim um parceiro”, disse. Ele também afirmou que a oferta do país inclui 100% de transferência de tecnologia, total financiamento pelo governo sueco e lembrou que Brasil e Suécia já possuem cooperação em muitas áreas, entre elas a de alta tecnologia.
O secretário garantiu que o Governo sueco se compromete a adquirir o Gripen NG em caso de escolha pelo Brasil. “Nós temos o apoio do Parlamento, se o Brasil decidir adquirir o Gripen NG, a Suécia participará disso e nós também iremos comprar essas aeronaves no futuro”. Jevrell, no entanto, disse que não poderia adiantar o número de aeronaves a serem adquiridas, pois isso será tema de votação no Parlamento. “Por enquanto, o Parlamento decidiu que nós deveremos ter 100 aeronaves [Gripen C/D]. A decisão sobre a frota futura acontecerá em breve, mas o número ainda não está definido”, disse.
Assim que assumiu a palavra, o CEO da Saab, Åke Svensson, procurou demonstrar a importância da oferta da empresa ao Brasil. “Agora é a oportunidade perfeita para uma parceria perfeita. A proposta que nós entregamos hoje (2/10) é uma proposta revisada da primeira e o que nós oferecemos é uma solução completa para a FAB. Nós propomos que o Gripen NG seja produzido no Brasil, para o Brasil e para o mercado mundial. Uma parceria de longo prazo e uma maneira de desenvolvermos tecnologias”, afirmou.
Em seguida, Svensson iniciou a apresentação de slides detalhando alguns itens da oferta. Segundo o executivo, a proposta da Saab inclui 36 caças Gripen NG Brasil, sendo 28 monopostos e 8 bipostos, radar AESA de segunda geração, capacidade super cruise (voo supersônico sem necessidade de utilizar pós-combustão), pacote de armas nacionas e “não-alinhadas”, simuladores e suporte logístico. Ele afirmou que o pacote “cumpre todos os requisitos da FAB e, em alguns casos, os excede”.
Uma das grandes críticas que as versões anteriores do Gripen recebiam estava relacionada ao seu mais reduzido raio operacional. Na nova versão, a Saab afirma que o raio de combate foi ampliado para 1300 Km, podendo a aeronave permanecer por até 30 minutos na área de patrulha, armado com quatro mísseis BVR, dois WVR e um tanque de combustível central. O alcance de translado chegará aos 4 mil Km.
Após falar das capacidades técnicas da aeronave, o executivo destacou os pontos relacionados à transferência de tecnologia, item considerado essencial pelo governo brasileiro. De acordo com Svensson, a proposta sueca prevê 175% de offsets. Ele informou também que 40% do desenvolvimento da aeronave seria de responsabilidade da indústria brasileira, que teria, porém, acesso e total participação nos 60% de atividades restantes. A oferta prevê ainda que 80% da célula da aeronave seja produzida no Brasil. Para isto, está incluída a instalação de uma linha de montagem completa no país, que seria também capaz de garantir a manutenção e reparo das aeronaves, incluindo os motores.
A Saab também ofereceu ao Brasil direitos exclusivos de venda do Gripen NG aos países da América Latina e “oportunidades conjuntas” para o resto do mundo. A Suécia também se compromete a “avaliar a possibilidade de compra” do KC-390 e do Super Tucano, ambos da Embraer, para equipar a Força Aérea local.
Svensson encerrou a apresentação demonstrando confiança. “[A proposta] oferece um casamento perfeito baseado em habilidades complementares e excelência tecnológica. O compromisso da Suécia para com o Brasil oferece independência e não dependência. O pacote exclusivo de compensações industriais significa um envolvimento direto de empresas brasileiras no desenvolvimento, produção e manutenção do Gripen NG Brasil. Isto irá criar e manter oportunidades de trabalho em alta tecnologia no Brasil”, concluiu.
Ao final da apresentação de Svensson, a entrevista coletiva foi aberta para perguntas dos jornalistas (ouça alguns trechos abaixo).
Para o Diretor da Saab no Brasil, Bengt Jéner, a oferta final da empresa permite que o Gripen NG Brasil seja desenvolvido, ensaiado, homologado e produzido no Brasil, sob os requisitos operacionais da FAB. “Por tudo isso, eu diria que o Gripen NG Brasil seria um avião mais brasileiro do que o AMX”, disse aos repórteres ao lembrar que o Brasil ficou responsável por apenas 30% do projeto AMX. [DB]
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