Manuel Zelaya, presidente deposto de Honduras, atende ao celular enquanto acessa seu laptop na embaixada brasileira
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, impôs nesta sexta-feira um novo prazo - até a próxima segunda-feira (19) - para que o governo interino, liderado por Roberto Micheletti, aceite a proposta feita pela comissão negociadora zelayista para o retorno do líder eleito à Presidência.
A proposta de Zelaya é de que a decisão sobre sua restituição seja tomada pelo Congresso hondurenho e não pela Suprema Corte de Justiça, como havia proposto a comissão de Micheletti. "Estamos esperando de uma resposta", disse o ministro do Turismo do governo deposto, Ricardo Martinez a jornalistas em Tegucigalpa. Segundo ele, se o governo interino não aceitar a proposta, "se rompe o diálogo".
Acordo
Depois de extensas jornadas de negociações durante toda a semana, as comissões que representam as duas partes não chegaram a um acordo para pôr fim à crise política iniciada com a deposição de Zelaya, em 28 de junho.
Os negociadores tem como base o Acordo de San José, proposto pelo presidente costarriquenho, Oscar Árias, e que prevê, entre outros pontos, o retorno de Zelaya à Presidência. Segundo o negociador zelayista Victor Meza, a proposta de Micheletti de que a decisão sobre o retorno do presidente eleito ao poder seja tomada pela Suprema Corte é "absolutamente inaceitável".
"É uma proposta absurda", disse Meza, ressaltando que espera que o governo interino reconsidere a decisão. "Uma janela segue aberta, mas denunciamos o boicote ao diálogo que está sendo promovido pelo governo de Micheletti", disse Meza à BBC Mundo.
Apesar da recusa da comissão zelaysita, o gabinete do governo interino afirmou que as negociações irão continuar. "Seguimos com o diálogo por todo o tempo que for necessário. O governo oferece todas as disposições e garantias para que a mesa de diálogo se prolongue", disse o ministro interino da Presidência, Rafael Pineda Ponce.
Manuel Zelaya foi afastado do poder no dia 28 de junho, quando um grupo de soldados armados invadiram o Palácio Presidencial, arrancaram-no da cama e o obrigaram a embarcar, ainda de pijamas, para a Costa Rica. O presidente eleito voltou ao país em 21 de setembro, e se refugiou na embaixada brasileira na capital, Tegucigalpa.
Rompimento
Na opinião da chanceler do governo deposto, Patrícia Rodas, o diálogo foi "definitivamente rompido". "A intransigência da ditadura fez (o diálogo) fracassar em sua parte medular", afirmou a ministra em Cochabamba, na Bolívia, onde participa da cúpula da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba).
A parte "medular" citada pela chanceler é justamente o retorno de Zelaya ao poder, que vem sendo o principal entrave para as negociações entre as duas partes. Rodas argumenta que a Suprema Corte de Justiça já emitiu uma opinião jurídica sobre o Acordo de San José e que, portanto, "não faz o menor sentido que o problema se resolva pelo poder judiciário".
Sanções
Ainda nesta sexta-feira, líderes dos países reunidos na 7ª reunião de cúpula da Alba decidiram impor "sanções econômicas e comerciais" contra o governo interino de Honduras.
Segundo a resolução, o grupo não reconhecerá nenhum processo eleitoral realizado pelo regime de Micheletti ou o resultado do pleito. O bloco afirmou ainda que convocará reuniões "imediatas e extraordinárias" de organizações como a ONU e a Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para discutir o assunto.
sábado, 17 de outubro de 2009
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