domingo, 4 de outubro de 2009
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Honduras: Empresários pedem força de paz sem Brasil
A principal associação de empresários de Honduras propôs a criação de uma força de paz internacional para monitorar a transição de poder no país, o retorno à Presidência do líder deposto, Manuel Zelaya, e a realização das eleições presidenciais marcadas para o dia 29 de novembro.
Adolfo Facussé, presidente da Associação Nacional de Industriais de Honduras, formada por mais de 800 grandes e médias empresas hondurenhas, afirma, no entanto, que a proposta não contempla o Brasil.
“O Brasil não entraria, não por ter feito algo errado, mas por conta do problema com a Embaixada. Só entrariam os países que permaneceram neutros no conflito, como Canadá, Panamá e Colômbia”, disse Facussé, em entrevista à BBC Brasil.
A embaixada do Brasil na capital hondurenha, Tegucigalpa, abriga desde o dia 21 de setembro o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.
O líder eleito hondurenho foi afastado do poder em 28 de junho e obrigado a embarcar para a Costa Rica. O argumento para depor Zelaya foi que a proposta dele de uma consulta popular sobre a criação de uma Constituinte, que discutiria a reformulação da Constituição do país.
A carta consitucional de Honduras proíbe tais consultas. E os militares do país se negaram a colocar o pleito em prática. A ação de Zelaya foi vista como uma manobra para que ele pudesse alterar a Constituição e concorrer a um segundo mandato.
Tropas neutras
Dentro da lógica de criar uma força multinacional “neutra” expressa pelo empresário Facussé, estaria excluída também a Venezuela, do presidente Hugo Chávez, detestado por parte do empresariado hondurenho.
Boa parte da classe empresarial do país julga que muitas das ações que contribuíram para o desgaste de Zelaya foram influência de Chávez, como o aumento de 60% do salário mínimo, diante de uma inflação de 10%, e o subsídio oferecido sobre gasolina e eletricidade.
“Essa força internacional garantiria que vá se cumprir o acordo de paz, que ele vá ser implementado por ambas as partes”, disse o empresário.
Segundo Facussé, a idéia é que de 3 mil a 4 mil soldados das forças transnacionais permaneçam em território hondurenho por até quatro meses, para monitorar que os termos do acordos estariam sendo cumpridos.
A proposta formulada por Facussé e por integrantes de sua entidade propõe, entre outros temas, a renúncia do presidente interino Roberto Micheletti e o retorno de Manuel Zelaya ao poder, mas com poderes diminuídos.
O projeto ofereceria ainda uma anistia política “para todos os que cometeram atos ilegais, não só Zelaya, mas também os militares, já que extraditar o presidente do país sob mira de armas também foi uma violação de nossa Constituição”.
De modo a promover um contrapeso ao Presidente hondurenho, seria recriada uma instituição que já existiu na vida política de Honduras, mas que hoje está ausente, o Conselho Supremo de Planificação Econômica – um órgão integrado por diferentes setores da sociedade hondurenha, como movimentos camponeses, as Forças Armadas, os sindicatos e as empresas privadas.
A proposta, segundo Facussé, já teria sido apresentada a Roberto Micheletti, que teria expressado aprovação ao projeto, a setores da resistência pró-Zelaya, aos candidatos na disputa presidencial, ao embaixador dos Estados Unidos no país, Hugo Llorens, e ao bispo auxiliar da Igreja Católica hondurenha, Juan José Pineda, que vem atuando como medidador nas conversas entre Zelaya e a administração interina.
“Queremos quebrar o gelo e garantir que isso não vá acabar numa guerra civil, com milhares de mortos”, disse Facussé.
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