Chávez cria milícias dentro das Forças Armadas
Da AP e AFP, no Estadão:
A Assembleia Nacional (Congresso) da Venezuela aprovou ontem uma reforma da lei sobre as Forças Armadas para permitir a incorporação de milícias civis às organizações de defesa do país e consagrar legalmente como “bolivarianas” as Forças Armadas venezuelanas. O novo texto entrará em vigor assim que for publicado no Diário Oficial.
A lei aprovada ontem torna oficial o decreto do presidente venezuelano, Hugo Chávez, assinado em julho de 2008, que renomeou as Forças Armadas do país e institucionalizou a milícia bolivariana.
Os corpos de combatentes civis são unidades de cidadãos que trabalham em organizações públicas ou privadas que são registradas, organizadas e treinadas pelo comando-geral da Milícia Bolivariana, que será composta pela Guarda Territorial, pelos Corpos Combatentes e estará sob o comando do presidente venezuelano.
“Por meio deste instrumento, surge a Milícia Bolivariana, corpo especial que será treinado e integrado em todas as áreas em que for necessária sua atuação”, disse o deputado governista Juan Mendoza, presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia.
GUERRA ASSIMÉTRICA (Conceito)
Alguns preferem conceituar a guerra assimétrica como guerra irrestrita. A adjetivação assimétrica nos parece mais apropriado que irrestrita, pois assimétrica conceitua melhor, em nossa opinião, a guerra que agora se trava e que é composta, entre outras, das seguintes assimetrias, para um lado:
Assimetria de poder econômico e financeiro, muitos recursos versus poucos;
Assimetria de capacidade bélica, relativa e absoluta;
Assimetria de estruturação organizacional, hierarquia versus rede;
e entre outras, das seguintes assimetrias, para o outro lado:
Assimetria de objetivação, quase número infinito de alvos versus poucos para o adversário;
Assimetria de resultados, indiferença de resultados no curto e médio prazo contra a necessidade de resultados expressivos do adversário no curto prazo; e,
Assimetria comportamental, não sujeito a nenhuma regra, inclusive admitindo o suicídio na ação versus o adversário preso a regras e as convenções;
A guerra assimétrica, assim como a guerra irregular, é, devido a sua natureza, a guerra dos fracos contra os fortes, a guerra dos pobres contra os ricos. Como mostraremos, ambas, a guerra irregular e a guerra assimétrica, são fundamentalmente guerras de desgaste.
Contudo, isto não as colocam obrigatoriamente como guerras defensivas. Se elas forem guerras revolucionárias elas conseguem serem ofensivas. Tanto a guerra assimétrica como a guerra irregular não é apenas guerra nas sombras, elas são guerra na paz.
Só se será efetivo na condução de uma guerra assimétrica se ela for efetivamente empreendida como sendo uma guerra irregular em escala mundial e aí a questão se traduz numa maior determinação e numa melhor delimitação de objetivos.
Guerra Assimétrica, Rebelião e Revolução.
Toda a guerra busca objetivos políticos. O recurso à violência na busca do poder, como vimos, caracteriza a estratégia militar. Contudo, a definição clara de um tipo de guerra é muito difícil. Mas, tanto a guerra irregular, quanto guerra assimétrica, se insere no contexto de uma rebelião ou de uma revolução.
Rebelião difere de revolução. Revolução se dirige a um certo objetivo, enquanto que rebelião se refere a um certo comportamento. Existem revoluções, sem rebelião, e rebeliões, sem revolução. Revolução une credo, vontade, decisão e ação na política e buscam a mudança integral na ordem, seja ela política, social e ou econômica.
Rebelião busca a fuga a uma dominação. A perda na fórmula política pode conduzir a uma revolução ou esta pode decorrer da inexistência de um certo desenvolvimento econômico e social. Todavia, rebelião sempre está relacionada à tensão que deriva da percepção de que há uma privação na sociedade de bens e serviços econômicos, ou de prestígio social e ou de poder político. Expectativas religiosas ou de caráter nacional que não são correspondidas também podem dar lastro a uma rebelião. A guerra assimétrica assim como a guerra irregular não se dá clara e necessariamente no mesmo contexto de uma guerra convencional. Diferentemente da guerra irregular que é normalmente revolucionária, na guerra assimétrica, tanto rebelião quanto revolução não se separam de forma nítida. Na guerra assimétrica, revolução e rebelião apresentam sempre uma vinculação direta. Comportamento e objetivo caminham juntos.
Objetivo da Guerra Assimétrica
Como já vimos, o objetivo da guerra é impor uma vontade. De forma mais clara, o objetivo da guerra assimétrica é o mesmo da guerra irregular, ou seja, exaurir o inimigo, desgastá-lo internamente, de tal modo, que com o correr do tempo, ele estará enfraquecido de tal forma, não só física como psicologicamente, que se mostrará incapaz de uma volição política. O objetivo central é a imobilização operacional do adversário. A imobilização do adversário significa sempre numa guerra o começo da vitória. Assim o é também na guerra assimétrica.
Ao término da guerra assimétrica se tem muito mais uma vitória política do que uma vitória militar. A guerra assimétrica é muito mais a guerra do político. Por isso, quem conduzir uma guerra assimétrica deve procurar evitar teste diretos de poder e buscar, ao invés disso, tirar a estabilidade, surpreender, exaurir o adversário, para desequilibrá-lo. O seu maior objetivo deve ser o de mitigar intelectual e moralmente o adversário.
A Estratégia na Guerra Assimétrica
A guerra assimétrica se coloca como um tipo de guerra praticado pela estratégia da ação indireta. Mas a guerra assimétrica, da mesma forma que a guerra irregular, não é o único meio para se conduzir uma estratégia de ação indireta. Tanto a guerra assimétrica quanto à guerra irregular são sempre instrumentos de ação da estratégia indireta e pretendem conseguir um efeito psicológico. Seus objetivos serão o de fazer os seus próprios objetivos políticos parecerem historicamente necessários, inevitáveis, e até mesmo, imprescindíveis, aos olhos do adversário.
A estratégia na guerra assimétrica, portanto, é sempre a estratégia de ação indireta. O que existe em termos de estratégia na guerra assimétrica são os princípios gerais de estratégia militar. Surpreender o inimigo, romper a continuidade de suas forças, atacar seus pontos fracos e contra-atacar, aproveitando o esforço do adversário, permanecem elementos válidos e metas a serem perseguidas na construção e no decorrer dos combates.
A guerra assimétrica apresenta um sentido claro para se desencadear as ações militares por parte dos militantes: as operações caminham daquelas desconhecidas e não dominadas pelos adversários, para aquelas em que eles são especialistas. Caminham da periferia para o centro. A luta pode surgir em qualquer espaço e a qualquer tempo. A liberdade para operar nestes tipos de guerra constrói a sua própria força. Liberdade vista aqui como liberdade sobre o espaço e sobre o tempo. A guerra irregular é a guerra do espaço amplo. A guerra assimétrica é a guerra do espaço ilimitado. Em ambas, não existem frentes de combate. A retaguarda não existe para elas. Em ambas, o poder de fogo é menos relevante que a mobilidade. São guerras de mobilidade. Em ambas, o espaço não é mantido, nem ocupado. O espaço é contaminado. Mas a contaminação exige a presença do adversário. Em quase todas as condições, nesses tipos de guerra, a assimétrica e a irregular, mais que a força, os determinantes últimos da vitória são o espaço e o tempo. O espaço e o tempo se materializam nos movimentos. São guerras de movimento e não de poder de fogo.
Dentre estes movimentos fundamentais são os movimentos de infiltração. Os movimentos de infiltração são características centrais, tanto operacionais quanto táticas, dos dois tipos de guerra. Nestes movimentos sempre estão presentes dois momentos: o de reunir e o de dispersar. Infiltração, reunião, ação e dispersão resumem um movimento destes tipos de guerra. As formas de infiltração diferem quanto à natureza e ao grau de conhecimento do terreno que os militantes possuem. A infiltração normalmente requer um terreno coberto que impeça não só a clara percepção como a rápida perseguição pelo inimigo. Uma área urbana grande pode ser um excelente espaço para infiltração [3]. Florestas e zonas montanhosas se prestam muito bem a infiltrações. Em terrenos abertos as infiltrações devem se processar no escuro. A guerra assimétrica, portanto, não condiz com o agrupamento de forças. É uma guerra com um mínimo emprego da força buscando o máximo de efeito. Na verdade, é a organização do adversário que se busca destruir.
O sistema de montagem e desmontagem das bases operativas pode ser o sucesso para a condução de uma guerra assimétrica. Grandes bases são sempre inadequadas. A descentralização operativa e a formação de pequenos grupos também estão na base dessa guerra. A guerra assimétrica é feita com muitas pequenas unidades ou grupos de ação. Seus desfechos não decorrem de poucas grandes batalhas, mas sim, de muitas pequenas escaramuças. É uma guerra das sombras e segue o princípio de que valem mais mil alfinetadas do que uma única estocada. A guerra assimétrica exclui a delimitação exata dos alvos ou de qualquer linha ou definição nítida de terreno.
Sabemos que toda arma tem um alvo adequado. A guerra assimétrica não oferece alvos a um dos lados e oferece qualquer oportunidade como alvo ao outro. Em função disso, em um dos lados há muita dificuldade no emprego de determinados tipos de armas militares e no outro há a ampla possibilidade de se empregar qualquer facilidade como arma.
O Militante na Guerra Assimétrica
O militante assimétrico é aquele que se engaja em operações numa guerra assimétrica. O militante assimétrico será daqui por diante nomeado simplesmente de militante. O militante é para a guerra assimétrica o mesmo que o guerrilheiro o é numa guerra irregular. Assim os guerrilheiros enfrentam soldados, os militantes também enfrentam soldados. Na guerra assimétrica caso os militantes vençam, não serão os militantes que venceram, mas sim os soldados que perderam.
Na verdade, do lado dos militantes, todos são passíveis de serem classificados como militantes potenciais, portanto, não é fácil estabelecer uma clara divisão entre militantes e não militantes. Todavia, os militantes podem ser divididos entre:
Militantes atuantes; e
Militantes simpatizantes.
Fonte:http://www.reservaer.com.br/est-militares/visualizacoesGA.html






1 comentários:
Ótimo artigo! Estamos sendo atacados de forma assimétrica e eles estão ganhando.
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