segunda-feira, 17 de maio de 2010
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Irã seguirá enriquecendo urânio a 20%, diz chefe de agência nuclear
Não há relação entre acordo mediado pelo Brasil e enriquecimento.
Agora, 'bola está na quadra das potências', diz funcionário iraniano.
O Irã vai continuar suas atividades de enriquecimento de urânio, incluindo a produção de urânio enriquecido a 20%, mesmo depois de ter assinado um acordo de troca de combustível nuclear mediado pelo Brasil e pela Turquia.
"Não existe relação entre o acordo de troca e nossas atividades de enriquecimento. Vamos continuar nosso trabalho de enriquecimento de urânio a 20%", disse Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã.
Salehi afirmou que a assinatura do acordo é uma "prova de boa vontade" e que agora "a bola está no campo das potências ocidentais". "O grupo de Viena (EUA, Rússia e França) deve dar uma resposta adequada à proposta de cooperação do Irã", disse ele, segundo a agência oficial Irna.
Segundo o acordo, o Irã enviará 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento para a Turquia. Depois de até um ano, o Irã deverá receber de volta 120kg de urânio enriquecido a 20%. De acordo com o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, o urânio enriquecido estará sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica na Turquia.
O Irã anunciou em fevereiro deste ano que enriquece urânio a 20% na usina de Natanz. Para a produção de armas nucleares, é necessário enriquecer o material a pelo menos 80%.
Descrença
O anúncio patrocinado por Brasil e Turquia saiu quando as potências internacionais, lideradas pelos EUA, esboçam no Conselho de Segurança da ONU uma quarta rodada de sanções contra o Irã. O documento desta segunda foi firmado durante visita do presidente Lula a Teerã.
As potências acusam o Irã de esconder deliberadamente informações sobre o programa nuclear e temem que o país esconda intenções militares. O governo de Teerã afirma que o único objetivo do programa é produzir energia, portanto, é um programa pacífico.
O acordo foi recebido com descrença na Europa. A Comunidade Europeia afirmou que trata-se de um passo na direção correta. A chancelaria britânica afirmou que sua assinatura não interrompe a busca de sanções contra Teerã.
Os jornais internacionais também noticiaram o acordo com ceticismo.
Em outubro do ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs ao Irã que enviasse 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento para a França e para a Rússia, onde seria convertido em combustível para um reator de pesquisas em Teerã. O país chegou a concordar com o acordo no início, mas depois impôs condições como a de só trocar seu material por urânio em níveis maiores de enriquecimento e somente no seu próprio território, termos que as outras partes envolvidas no acordo consideraram inaceitáveis.
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