BRASÍLIA — A Amazônia é um dos focos de maior interesse para a defesa e, por essa razão, contará com mais unidades do Exército, da Marinha e da Aeronáutica nas suas áreas de fronteira. É o que prevê a Estratégia Nacional de Defesa, um ambicioso plano de reestruturação das Forças Armadas lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira, 18.
O plano inclui a fabricação de porta-aviões, uma base naval na Amazônia e o reforço de indústria bélica nacional. A base naval da Amazônia, de uso múltimplo — comparável, na abrangência e na densidade de seus meios, à do Rio de Janeiro — será instalada na foz do rio Amazonas. A idéia é também dobrar o efetivo militar na região, que passaria dos atuais 25 mil para 40 mil homens nos próximos anos.
Outros artefatos bélicos também ganham destaque, entre os quais a construção de veículos não-tripulados de vigilância e combate (Vant), caças supersônicos, submarinos nucleares, mísseis, radares e bombas inteligentes. Para fabricar os caça de quinta geração, o Brasil faria parceria com outro país para projetar e fabricar os aviões aqui. A negociação somente deve ocorrer transferência integral de tecnologia, inclusive as tecnologias de projeto e de fabricação dos aviões e dos ‘códigos-fontes’.
“A defesa da Amazônia exige avanço de projeto de desenvolvimento sustentável e passa pelo trinômio monitoramento (controle), mobilidade e presença”, destaca a Estratégia Nacional de Defesa. O projeto reafirma a soberania incondicional do Brasil sobre a Amazônia e ressalva que não será aceita qualquer tentativa de tutela sobre as suas decisões de preservação, desenvolvimento e defesa da região.
O texto traz também um recado claro às organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras que vira e mexe se intrometem em assuntos internos da Amazônia. Diz que o Brasil não permitirá que “organizações ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros (políticos ou econômicos) que queiram enfraquecer a soberania brasileira”. E acrescenta: “Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si mesmo, é o Brasil”.
Preparar-se para a guerra
Para facilitar o controle e a vigilância da Amazônia, o plano diz que o Exército, por exemplo, contará com tecnologias de comunicação, inclusive com veículos que monitorem a superfície da terra e do mar a partir do espaço. “O Brasil não tem inimigos no presente. Para não tê-los no futuro, é preciso preservar a paz e preparar-se para a guerra”, destaca o texto, ao defender a necessidade de o País reorganizar suas Forças Armadas.
Segundo o plano, a reestruturação militar é necessária porque o Brasil precisa estar preparado “para uma guerra assimétrica, sobretudo na região amazônica, a ser sustentada contra inimigo de poder militar superior, por ação de um país ou de uma coligação de países que insista em contestar, a pretexto de supostos interesses da humanidade, a incondicional soberania brasileira sobre a sua Amazônia”.
Ainda conforme a Estratégia Nacional de Defesa, a preparação para tal guerra não consiste apenas em ajudar a evitar o que hoje é uma hipótese remota, a de envolvimento do Brasil em um conflito armado de grande escala. A idéia é também aproveitar a disciplina para formar uma doutrina militar própria.
O projeto evidencia ainda que, diante da eventual degeneração do quadro internacional, o Brasil e suas forças deverão estar prontos para tomar medidas de resguardo do território, das linhas de comércio marítimo e plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais. Para tanto, a indústria bélica nacional será incentivada a suprir as demandas internas de equipamentos.
Na área marítima, duas áreas do litoral continuarão a merecer atenção especial: a faixa que vai de Santos a Vitória e a área em torno da foz do rio Amazonas. Para atingir a meta, o Brasil contaria com uma força naval submarina de envergadura, composta de submarinos convencionais e nucleares. O plano ainda prevê que a Marinha aumentará sua presença nas duas maiores bacias, a do Amazonas e a do Paraguai-Paraná. As duas áreas seriam fiscalizadas com o auxílio de navios-patrulha e navios-transporte, ambos guarnecidos por helicópteros e adaptados ao regime das águas.
Fonte: Agência Amazônia
domingo, 21 de dezembro de 2008
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