O Conselho Deliberativo do CNPq decidiu, em novembro do ano passado, extinguir o Comitê Temático de Defesa (CT-DE), criado em 2004. Em mensagem aos membros do Comitê, o presidente da agência, Marco Antonio Zago, afirma que a medida "não impede que o CNPq continue apoiando e estimulando os projetos de pesquisa nessa área, que serão analisados pelo Comitê de Assessoramento com interface mais próxima ao tema desses projetos".
O presidente do CNPq informou ainda que o Conselho Deliberativo recomendou que a agência promovesse entendimentos com agências e ministérios, com vistas à elaboração de uma proposta de programa para a área da defesa, a ser apresentada à comunidade.
Para Eurico de Lima Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (Abed), o CNPq não apresentou argumentos sólidos e objetivos que pudessem justificar a decisão. A seu ver, a medida revela "insensibilidade quanto às pretensões da nação brasileira em relação à sua própria defesa e segurança, bens políticos essenciais a todas as sociedades".
Leia a mensagem enviada pelo presidente da Abed ao "JC e-mail":
"No último dia 23 de janeiro deste ano, surpreso e chocado, tomei ciência da decisão do CNPq extinguindo o Comitê Temático de Defesa. A medida já havia sido tomada desde o dia 27 de novembro do ano passado pelo Conselho Deliberativo da agência que, entretanto, não a repassou à comunidade.
Na qualidade de Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (ABED), que congrega na área pesquisadores e estudiosos em todas regiões do Brasil, civis e militares, não posso deixar de levar à comunidade científica do país meu mais intenso protesto.
A decisão contrariou o Relatório de Atividades assinado por dois ilustres representantes da área, os professores Eliézer Rizzo de Oliveira e Antônio Jorge Ramalho, que cumpriram solicitação do próprio CNPq.
No documento os relatores apresentaram dados relativos ao crescimento da demanda em diversas áreas de conhecimento sob a cobertura da "Defesa Nacional". Recomendaram, assim, não só a manutenção do Comitê, mas também opinaram pela ampliação de suas atividades, indicando a necessidade de a ele se dar maior divulgação na comunidade científica.
O CNPq não apresentou argumentos sólidos e objetivos que pudessem justificar a decisão. Aos pesquisadores apenas se informou que o Conselho Deliberativo "não encontrou razões suficientes para a sua continuidade". A justificativa, vaga e insuficiente, revela insensibilidade quanto às pretensões da nação brasileira em relação à sua própria defesa e segurança, bens políticos essenciais a todas as sociedades.
A extinção do Comitê colide com a decisão do Presidente da República que, em 18 de dezembro de 2008, fez publicar decreto aprovando a Estratégia Nacional de Defesa. No documento o atual governo propôs como política de Estado os estudos da área de defesa. A diretriz foi desconsiderada pelo CNPq.
Urge reformar tal decisão. É preciso ouvir os pesquisadores e as instituições, civis e militares, públicas e privadas, que atuam na área. Não pode o Brasil ficar defasado em relação a diversos países vizinhos, sem dizer dos países desenvolvidos, em área tão sensível para o presente e o futuro da nação."
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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