terça-feira, 30 de setembro de 2008
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Apesar de ilegal, empresas vasculham candidatos na web
O que leva a maioria das pessoas a ter um perfil em sites de relacionamento, como o Orkut, o Facebook e o MySpace, é a intenção se comunicar com velhos e novos amigos e, acima de tudo, ter momentos de diversão em frente ao computador. Mas para quem está à procura emprego, essas ferramentas virtuais podem se transformar em verdadeiras vilãs na hora da disputa por vagas. Isso porque muitos recrutadores costumam utilizar tais sites para 'bisbilhotar' a vida dos candidatos.
Apesar de recorrente, a prática é errada perante a Justiça. "Não é ético pegar informações pessoais sem pedir autorização. Essa prática é ilegal, já que a Constituição não permite invasão de privacidade", afirma Antonio Carlos Aguiar, advogado trabalhista e professor da Fundação Santo André. "Apesar de todos terem acesso ao Orkut, o intuito do site é simplesmente estabelecer comunicação", acrescenta o advogado, que afirma que o ato pode ser considerado discriminação, podendo caracterizar até mesmo assédio moral.
Aguiar explica ainda que a mesma discriminação acontece quando a empresa exige atestado de antecedentes criminais ou currículo com foto. "A pessoa que se sentir prejudicada pode denunciar a empresa ao Ministério Público por discriminação, assédio moral coletivo ou pedir danos morais", recomenda o advogado.
Segundo Maria Djanira, consultora de RH (Recursos Humanos) do Grupo Foco, da unidade de Santo André, as empresas adotam a prática como forma de se cercar de todas as maneiras na hora de escolher seus funcionários para, assim, evitar escolhas erradas. "Antigamente, o profissional era contratado pelo seu conhecimento técnico. Hoje, o perfil de contratação mudou muito, já que as características comportamentais passaram a contar bastante", afirma. "A formação técnica pode ser aprimorada através de feedbacks e orientações, mas o comportamento de alguém nenhuma empresa é capaz de mudar".
A consultora afirma que o Grupo Foco não adota a prática em seus processos de seleção. "Nunca nenhum cliente nosso solicitou esse tipo de checagem", afirma Maria. Carla Esteves, gerente da consultoria de RH Cia de Talentos, também nega o procedimento. "A gente avalia as competências do candidato por meio do contato pessoal. A maioria é jovem e acreditamos que eles têm uma vida. Conseguimos separar isso", afirma.
De qualquer forma, Carla aconselha que se preservar é a melhor saída. "As empresas usam esse método sim, então o ideal é não se expor muito, porque muitas delas, ou outras consultorias, podem fazer essa busca".
A grande dica é ficar longe das comunidades consideradas 'queima filme', como "Eu gosto de beber", "Não gosto de segunda-feira" e "Odeio religião". "Às vezes as pessoas colocam brincadeiras, mas o grande problema é que o critério de avaliação das empresas é subjetivo", afirma o advogado Antonio Carlos Aguiar.
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