Acordo de parceria entre Brasil e Itália prevê produção de unidades navais
No dia 12 de abril de 2010, em Washington, Estados Unidos, foi assinado pelo presidente do Conselho de Ministros da Itália, Silvio Berlusconi, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, um Acordo de Parceria Estratégica entre a República Federativa do Brasil e a República Italiana.
Em seu artigo IV, referente à cooperação em matéria técnico-militar e de defesa, uma das prioridades em destaque é o desenvolvimento e produção de unidades navais, especificamente navios-patrulha oceânicos, fragatas e navios de apoio logístico, incluindo sistemas de combate, de navegação, de armamento e de contramedidas eletrônicas.
Com base neste acordo, a Itália teria apresentado através da Orizzonti Sistemi Navali, joint venture entre a Fincantieri e a Finmeccanica, uma proposta de parceria que abrangeria a construção no Brasil com total transferência de tecnologia de fragatas FREMM , designadas localmente por Classe Carlo Bergamini, navios de patrulha oceânicos (NaPaOc) da Classe Commandante e de apoio logístico da Classe Etna. Existem indicações que a Marinha do Brasil teria sido autorizada a iniciar as negociações quanto ao chamado ‘’pacote italiano’’.
As fragatas de 5.800 toneladas da Classe Carlo Bergamini são a versão italiana da Classe Aquitaine francesa, construídas pela DCNS. Comenta-se que os navios italianos, em princípio, teriam custo menor que os franceses o que permitira a obtenção de um lote inicial de cinco unidades.
Os NaPaOc da Classe Commandante (ver T&D nº 121) deslocam 1.520 toneladas, são dotados de modernos sensores e sistemas de comunicação e armados com canhão OTO - Melara de 76mm. O navio de apoio logístico da Classe Etna desloca 13.400 toneladas e tem capacidade de apoiar um Grupo Tarefa nucleado em navio-aeródromo através do fornecimento de combustíveis, água, suprimentos, sobressalentes e munição, além de contar com oficinas especializadas.
Especialistas internacionais têm comentado que a disputa pela construção de navios de superfície para a Marinha do Brasil (MB) está de fato polarizada entre a Itália e a França e que a proposta italiana seria a melhor opção para o Brasil sem, entretanto, deixar de lado as possibilidades dos franceses através da DCNS. A França, que já participa da renovação da Esquadra brasileira através do PROSUB, teria apresentado a sua versão da Classe FREMM e uma versão de 1.800 toneladas da família Gowind para o programa do NaPaOc. Contudo, falta aos franceses até o momento, uma alternativa de projeto recente para o navio de apoio logístico que, segundo previsto no Plano de Articulação e Equipamento da MB, pode atingir um total de cinco exemplares.
Caso o comentado favoritismo italiano seja confirmado será mantida uma tradição de cooperação naval iniciada nas primeiras décadas do Século XX com a obtenção dos primeiros submarinos brasileiros, os Classe F e Tupy, em estaleiros da Itália e, mais recentemente, com o fornecimento de sensores e sistemas de armas utilizados na modernização das fragatas da Classe Niterói e nas corvetas da Classe Inhaúma.
FONTE: TECNOLOGIA E DEFESA
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