O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu hoje (5) a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), como forma de favorecer o desarmamento nuclear. O chanceler reforçou a posição do Brasil contra esse tipo de arma e voltou a afirmar que sanções contra o Irã podem prejudicar as relações com aquele país.
"Acho que há uma assimetria indevida no fato de países-membros permanentes do conselho serem potências nucleares reconhecidas", disse. "Isso não é só uma fonte de desequilíbrio, mas de deslegitimação das decisões do conselho. Temos que reformá-lo, torná-lo mais representativo", completou ao defender a inclusão do Brasil, Japão, da África do Sul ou Alemanha, países que não têm armas nucleares. "Isso poderia acabar com essa assimetria".
Durante aula inaugural na Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia (Coope) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, o ministro também avaliou que "não há mais justificativa moral, ética ou política", no contexto mundial, para o uso ou o desenvolvimento de armas nucleares e reconheceu que "o risco sempre existe".
De acordo com o chanceler, para conter o impulso armamentista, a melhor saída, além da reforma do conselho, seria a revisão do tratado de não proliferação de armas, criado no contexto da Segunda Guerra Mundial. "Esse tratado é desequilibrado e injusto, mas ainda assim, ao prever que os desarmados não se armariam, previu também que os armados se desarmariam. Mas não deu prazo. Um grande problema", destacou.
Perguntado sobre as possíveis novas sanções aplicadas pelo Conselho de Segurança ao Irã, defendidas pelos Estados Unidos, Amorim confirmou que essas medidas podem prejudicar as relações não só do Brasil como de outros parceiros com o Irã. E reafirmou a posição brasileira de defender uma solução negociada. "Se você coloca previamente que a única solução é a sanção, cria o artefato nuclear pacífico, o que aconteceu no Iraque, e é o que queremos evitar", afirmou.
O ministro também confirmou a participação do Brasil no encontro internacional com autoridades e especialistas de 60 países que Teerã (capital do Irã) promoverá entre os dias 17 e 18 de abril, chamado Energia Nuclear para Todos, Armas Nucleares para Ninguém.
"O Brasil não apoia o Irã. Somos contra armas nucleares, somos a favor de um Oriente Médio livre de armas nucleares, os Estados Unidos podiam apoiar essa tese. Somos a favor da eliminação das armas nucleares, em geral, somos a favor de inspeções no Irã e dissemos isso a eles. Agora, é preciso que eles demonstrem alguma flexibilidade", destacou.
FONTE: UOL Noticias Isabela Vieira
segunda-feira, 5 de abril de 2010
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