quinta-feira, 1 de abril de 2010
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Bombardeio mata dirigente das Farc
Área do ataque é próxima a uma capital regional. Hoje, guerrilha entrega restos de major
Apesar de a Força Aérea Colombiana (FAC) ter bombardeado ontem um acampamento próximo à cidade de Ibagué, a 210 km a oeste de Bogotá, e ter matado pelo menos sete guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), os rebeldes mantêm a decisão de entregar hoje à Cruz Vermelha os restos do major da polícia Julián Ernesto Guevara, morto em cativeiro em 2006.
“Esse tipo de operação costuma ocorrer a cada semana na Colômbia, então não afetará a operação de entrega, que além disso será em uma região diferente do país”, afirmou ao Correio, por telefone, Pascal Jequier, assessor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Bogotá.
Segundo ele, a missão humanitária contará com a mesma equipe que resgatou o soldado Josué Daniel Calvo, no domingo, e o sargento Pablo Emilio Moncayo, na terça-feira: além de membros do CICV, viajam médicos e um sacerdote da Igreja Católica, acompanhados da tripulação brasileira que opera o helicóptero do Exército cedido para a operação. A missão decolará de Villavicencio, capital do departamento de Meta, no centro-leste da Colômbia.
Um comunicado das Farc, publicado no jornal El Espectador, alerta que esta será a última entrega unilateral de militares em poder da guerrilha, que consideram “aberto o caminho para a troca imediata de prisioneiros de guerra” — “única saída viável” para devolver à liberdade os que continuam na selva. “Agradecemos ao povo brasileiro pelo apoio logístico e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem cujo concurso teria sido impossível este processo humanitário; igualmente aos pilotos por sua perícia e profissionalismo”, conclui o comunicado.
Entre os guerrilheiros mortos na operação militar de ontem estava Ciro Gómez Rayo, apelidado Enrique Zúñiga, que comandava a Frente 50 das Farc e nos últimos 15 anos foi o homem mais procurado da região. Gómez, que atuava nos departamentos de Tolima e Quindío (centro-oeste), era especialista em cartografia e artilharia, além de ser franco-atirador. As autoridades judiciais chegaram a expedir 36 ordens de prisão contra ele por homicídio agravado, desaparecimento forçado, sequestro e rebelião, entre outros crimes.
Combates
O fogo cruzado dos rebeldes com a polícia matou também a namorada de Enrique, identificada como Marjury, e três dos integrantes da guarda do comandante de frente. Outros dois rebeldes morreram e sete foram capturados.
O local do ataque, porém, contradiz os dados do governo de que, depois de oito anos de operações militares, teriam conseguido fazer a guerrilha recuar para o interior e se afastar das cidades: o acampamento estava na zona rural da capital de Tolima.
A ONU comemorou ontem, por comunicado oficial, a libertação de Moncayo e Calvo e reiterou o pedido às Farc para que entreguem os restos mortais do major Guevara. A organização também exigiu a libertação “imediata e sem condições” de todos os soldados, policiais e civis sequestrados pela guerrilha.
Apesar de não reconhecer as Farc como força beligerante conforme as normas do Direito Internacional, a ONU ratificou ontem, na mesma nota, que “a privação de liberdade sistemática e prolongada de militares e civis, o tratamento desumano ou degradante a que são submetidos, constituem um crime de guerra”. Na mensagem, a organização também recordou às Farc que a figura do sequestro “poderia constituir também crime de lesa-humanidade, segundo o Direito Internacional Humanitário”.
Equador ataca acampamento
O exército equatoriano anunciou ontem que destruiu um acampamento das Farc na região de fronteira com o departamento colombiano de Putumayo. De acordo com o procurador de Justiça da região de Sucumbíos, Marlon Escobar, as instalações tinham capacidade para abrigar 30 combatentes, com alojamentos, cozinha e “até um cassino”, e se destinavam, aparentemente, à montagem de artefatos explosivos.
O Equador afirma ter desmontado em 2009 187 bases de grupos ilegais colombianos. O controle da fronteira foi reforçado pelos militares depois de março de 2008, quando a aviação colombiana bombardeou, no Equador, o acampamento que hospedava o líder guerrilheiro Raúl Reyes. O episódio provocou o rompimento das relações, reatadas em novembro último mas ainda não normalizadas.
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