terça-feira, 2 de março de 2010
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Hillary chega ao Brasil amanhã com assuntos espinhosos na agenda
Brasília, 2 mar (EFE).- A secretária de Estado americano, Hillary Clinton, fará amanhã uma visita oficial ao Brasil trazendo assuntos espinhosos na agenda, como o programa nuclear do Irã e a licitação para a venda de caças à Força Aérea Brasileira (FAB).
Em sua primeira visita a Brasília em pouco mais de um ano no cargo, Hillary se reunirá com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e será recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o Departamento de Estado americano, o programa nuclear iraniano será um dos assuntos "importantes" nas conversas, principalmente devido ao aumento da proximidade entre Brasil e Irã a partir do ano passado.
O Brasil ocupa atualmente um assento não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os Estados Unidos e outros países tentam convencer os integrantes do órgão a ampliar as sanções sobre o Irã devido às suspeitas de que seu programa nuclear esconde fins militares.
Também desde o ano passado, Lula se ofereceu para atuar como mediador no conflito do Oriente Médio e fez diversos esforços diplomáticos ligados à região.
Em novembro passado, recebeu os presidentes de Israel, Shimon Peres; da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e deve retribuir essas visitas nas próximas semanas.
Ao contrário de Washington, o Brasil sustenta que a comunidade internacional deve dialogar com Teerã até comprovar se o programa nuclear tem fins pacíficos, como diz Ahmadinejad.
O secretário de Estado adjunto americano para a América Latina, Arturo Valenzuela, adiantou que Hillary pedirá a Lula para que pressione o Irã a cumprir seus compromissos com a comunidade internacional e disse que a Casa Branca espera "uma contribuição positiva".
Outro assunto espinhoso será a América Latina e especialmente os países que os EUA considera "conflituosos", como Bolívia, Cuba, Venezuela e Honduras, entre outros.
No caso de Cuba, Brasil e EUA se distanciaram em relação à situação gerada pela morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, ocorrida após uma prolongada greve de fome e um dia antes de uma visita de Lula a Havana.
Enquanto Washington reafirmou sua preocupação com os direitos humanos na ilha, Lula lamentou a morte de Zapata Tamayo, mas não fez comentários quando, em sua presença, o presidente cubano, Raúl Castro, culpou "os Estados Unidos" pelo ocorrido.
Lula também não se pronunciou sobre a questão dos direitos humanos em Cuba, enquanto o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que "violações ocorrem no mundo todo".
Em relação à Venezuela, fontes diplomáticas consultadas pela Agência Efe disseram que Hillary pode citar a "preocupação" despertada em Washington pela denúncia de um juiz espanhol, que diz ter indícios de que Caracas intermediou contatos entre a organização terrorista ETA e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
As suspeitas do juiz Eloy Velasco foram rechaçadas com veemência pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Também sobre a América Latina, se prevê que Hillary defenda o presidente hondurenho, Porfirio Lobo, ainda não reconhecido pelo Brasil, por considerar que foi eleito em meio a um processo "irregular" derivado do golpe que derrubou Manuel Zelaya.
Em suas reuniões com Amorim e Lula, a secretária de Estado americana também fará um novo esforço em favor da Boeing, que participa de uma licitação para a venda de 36 caças ao Brasil.
A Boeing oferece seus Super Hornet F/A-18, que competem com os Gripen NG da sueca Saab e os Rafale da francesa Dassault, favoritos para um negócio que pode movimentar US$ 8 bilhões.
Hillary chegará a Brasília hoje à noite, mas só terá atividades oficiais amanhã, quando se reunirá com autoridades do Congresso e se reunirá com Amorim e Lula. Depois, fará uma rápida escala em São Paulo, onde visitará a Universidade Zumbi dos Palmares.
Em seguida, a secretária de Estado viaja para a Costa Rica, quinta escala de uma viagem que a levou ao Uruguai, Argentina e Chile e que terminará na Guatemala. EFE
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