Nas negociações para a composição do primeiro escalão do governo de Dilma Rousseff (PT) está sendo discutida a possibilidade de o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), assumir um eventual ministério. A articulação está sendo feita em torno da Defesa, em substituição ao atual ministro, Nelson Jobim.
Essa proposta é bem-vista pelos militares, que desejam ser dirigidos por uma autoridade de peso da alta cúpula da administração federal. Foi a estratégia usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao designar para o cargo o vice-presidente José Alencar e Jobim, esse com o respaldo de ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Nos meios militares, houve uma forte resistência à nomeação, no governo de FHC, de um senador derrotado, Élcio Álvares (ES), para o posto. Ele acabou deixando o cargo sob denúncias de envolvimento com grupos ligados ao narcotráfico.
A Defesa é um dos seis ministérios que estão na cota do PMDB na atual administração. O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), já sinalizou que o partido deseja manter essa cota e, de preferência, os atuais ministros.
Há rumores de que o cargo da pasta seria uma ferramenta a ser usada por Temer para sufocar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que tira do vice-presidente da República a condição de sucessor do titular do cargo. A matéria já passou pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado na última semana e, se for aprovada em plenário, deverá entrar em vigor logo depois da promulgação.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acredita que a proposta não se amolda à realidade do País. "No Brasil, não. A vice-Presidência faz parte do sistema presidencial", avaliou ele, que comandou o País ao longo de cinco anos, no período de 1985 a 1990, depois de ter sido eleito vice-presidente por via indireta. Sarney assumiu o posto depois da morte de Tancredo Neves, que nunca assumiu o cargo.
O cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, também considera o projeto fora da realidade nacional. Ele classifica a proposta de esdrúxula: "É um projeto esdrúxulo dentro do presidencialismo. O vice substituir o presidente é um dos pilares do sistema", afirma. "Essa é uma manobra da oposição só para 'coçar' um pouco o governo. Se [a votação] for para o ano que vem, o novo Senado, com maioria governista, vai barrar", argumentou.
Articulações
A executiva do PT em Minas se reúne hoje, em Brasília, com a equipe de transição do futuro governo. Eles querem a garantia de que sua cota será de no mínimo quatro ministérios, além de diretorias em empresas e órgãos do governo.
A intenção é apresentar o nome do ex-ministro Patrus Ananias, do ex-prefeito Fernando Pimentel, do secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e do deputado federal Virgílio Guimarães como candidatos a ocupar cargos no alto escalão do governo. Além disso, querem garantir a presença de mineiros em órgãos como o Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e em empresas como os Correios, Furnas e Banco do Brasil.
De volta ao Brasil depois de sua estreia no circuito internacional na reunião do G-20, em Seul, Dilma voltou ontem a tratar da primeira de uma série de reuniões setoriais para a montagem de seu governo. Durante o encontro com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que também contou com a presença da coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Miriam Belchior, e um dos coordenadores da equipe de transição, Antônio Palocci, a presidente eleita foi atualizada quanto ao andamento de intervenções no setor de rodovias e ferrovias.
Passos deixou a Granja do Torto no início da tarde. "Foi uma reunião para atualizar a presidente sobre o PAC na área dos transportes", resumiu Helena Chagas, coordenadora da equipe de comunicação do governo de transição. De acordo com ela, a presidente eleita deverá se reunir nos próximos dias com outros envolvidos com o PAC para receber informações setoriais sobre o andamento das obras.
Palocci deixou a Granja do Torto no início da tarde. À exceção do vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP) - que deixou o local para comparecer a uma reunião de definição de "outros compromissos políticos" -, Palocci, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, e o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, também estiveram no local. Dutra confirmou que entregou a Dilma um resumo por escrito das reivindicações dos partidos aliados. Segundo ele, a maioria dos partidos deseja manter o mesmo status no governo e, se possível, ampliá-lo.
Ele acrescentou que o PMDB, principal aliado, não apresentou nomes de ministeriáveis. Mas admitiu que o PR pediu a recondução do seu presidente, o senador Alfredo Nascimento, ao Ministério dos Transportes.
Foi traçado um cronograma para a realização de seminários sobre temas de interesse do governo de transição: erradicação da miséria, saúde e segurança pública. O primeiro debate deve acontecer amanhã, com a participação de especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Getúlio Vargas.
Nas negociações para a composição do primeiro escalão do governo de Dilma Rousseff (PT) está sendo discutida a possibilidade de o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), assumir o Ministério da Defesa.
FONTE: DCI Abnor Gondim
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