Uma das primeiras guerras da história foi travada por causa de água, há 4.500 anos, entre duas cidades-estado à margem do rio Eufrates, região onde fica o atual Iraque. De lá para cá, a quantidade de água potável disponível no planeta não mudou, mas a explosão demográfica, a urbanização desordenada e o mau gerenciamento de um recurso insubstituível fizeram do acesso à água uma competição cada vez mais agressiva - e o estopim de centenas de conflitos.
Um estudo publicado na revista Nature pelo Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostra a relação entre a escassez de água e guerra. Analisando o fenômeno El Niño, que em ciclos de três a sete anos provoca aumento na temperatura e diminuição no volume de chuvas, os pesquisadores descobriram que, nos 90 países tropicais afetados pelo fenômeno climático entre 1950 e 2004, o risco de uma guerra civil dobrou, passando de 3% para 6%. "Claro que, sozinha, a falta de água não causa as guerras. Há fatores sociais, políticos e econômicos que devem ser levados em conta", diz Mark Cane, cientista especializado em clima da Columbia. "Mas onde há tensões latentes, o clima pode ser a fagulha que faltava."
"As
guerras do século 21 serão travadas por causa da água", disse Ismail
Serageldin, do Banco Mundial, em depoimento ao escritor Alex Prud'homme,
autor do livro The Ripple Effect, um alentado estudo sobre os desafios
relacionados à água, do esgotamento de aquíferos à contaminação da água tratada nas grandes cidades.
"A
água vai ficar cada vez mais cara", diz João Lotufo, diretor da Agência
Nacional de Águas. "A tendência é buscar água cada vez mais longe, o
que vai demandar mais recursos para atender uma população crescente."
São
Paulo 'importa' mais da metade da água que consome de outras cidades e
até mesmo de outros estados. A cidade consome a água de 17 mananciais
diferentes e vai precisar de outro até 2015 para garantir o
abastecimendo da população. "Em maior ou menor grau, isso vai acontecer
com todas as regiões metropolitanas do país", prevê Lotufo.
Dos
5.565 municípios brasileiros, 55% precisam de investimentos para
aumentar a oferta de água. Em investimentos, isso significa que são
necessários 22 bilhões de reais até 2015. Mesmo assim, Lotufo considera
impossível faltar água para o abastecimento humano. "O que há é uma
competição de usos - industrial, agrícola, doméstico - que desequilibre a
oferta. Mas isso só vai acontecer se não houver gestão."
1 comentários:
Muito bom nunca cheguei a ler um post
tão bem detalhado
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